Armadilhas
12.03.2014 - Por Debora Ganc
Cada um de nós, em algum momento, já foi maltratado por um chefe, um cliente, pelo namorado, por seu esposo ou esposa, por seus pais, seus amigos, seus vizinhos, seus filhos. No instante em que isso aconteceu, com certeza nos sentimos muito mal. Sentimos mágoa, tristeza, desapontamento. Nos sentimos traídos.
Todos esses sentimentos tiveram sua razão de ser, mas apenas no instante em que foram sentidos. Se depois de um tempo ainda estivermos parados no mesmo sentimento de mágoa, tristeza e decepção com a outra pessoa significa que estamos ressentidos com essa pessoa.
Ressentimento, como a própria palavra indica, é sentir novamente, mas é um ressentir inútil. Nada irá mudar o que aconteceu, justamente porque aconteceu no passado. Então, ao sentir novamente a tristeza daquele momento, a fragilidade e a decepção ocupam um lugar no presente em que aquela cena não existe mais.
Esse ressentimento nos deixa presos ao passado e nos tornamos a vítima eterna de uma pessoa que muito provavelmente não está tentando nos prejudicar novamente e nem lembra mais que existimos.
Ressentir é convidar a pessoa que nos fez tanto mal a nos fazer companhia novamente. Caminhar com ela ao longo dos dias ressentindo uma dor que só existe na nossa memória. É um enorme desperdício de tempo e energia em que os únicos prejudicados somos nós. Aliás, duplamente prejudicados, pois além de sofrer a primeira afronta continuamos a ressentir seu gosto amargo a cada dia.
Sem perceber, estamos desperdiçando momentos únicos do nosso presente. Estamos pegando no chão a flecha que alguém atirou há semanas, meses ou anos atrás e fincando a novamente em nosso coração.
Ė como tomar uma dose de veneno a cada dia e esperar que o outro morra. Por pior que a outra pessoa tenha sido, por mais que mereça, não será prejudicada por nosso ressentimento. Nós é que seremos!
Além do que não deixamos o novo entrar enquanto esta pessoa estiver ocupando um lugar importante em nosso coração. Lembram da dança das cadeiras? Simplesmente tiramos uma cadeira, a desta pessoa.
Isso inclui a pessoa que vemos diariamente na frente do espelho, eu, você, nós. Também para nós não importa o que tenhamos feito de errado , ontem, na semana passada ou há anos. Deixemos os ressentimentos no lugar em que devem estar, no passado.
Vamos viver o novo em nossa vida a cada momento.
Nos concentramos na nossa vida, nossa felicidade.
Não vamos cair na armadilha do ressentimento.
É bem provável que hajam novos momentos de tristeza, novas decepções, erros, traições ou simplesmente azar.
Chore, reclame, brigue e viva o que tiver que viver naquele momento com a consciência de que isso também irá passar e você estará livre para poder viver o momento seguinte.
As coisas tristes que vivemos e que não gostamos são um aprendizado, um remédio amargo necessário naquele momento, mas que não precisamos continuar tomando depois que saramos.
Certa vez ouvi um Mestre dizer: “Não fique repetindo os mesmos erros, seja criativo, cometa erros novos!”.
iG
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