Imagine que um videogame possa ajudar no tratamento de pessoas que tiveram os movimentos comprometidos por causa do acidente vascular cerebral (AVC). Essa é a ideia de estudantes da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), em Minas Gerais.
Os cientistas esperam melhorar a locomoção dos pacientes usando os estímulos cognitivo e motor oferecidos pelos jogos de realidade virtual, associados ao uso de um eletroencefalograma acoplado na cabeça.
Segundo a fisioterapeuta Miqueline Dias, uma das envolvidas no projeto, o estudo avaliou a influência da técnica em dois aspectos da funcionalidade. Um deles é o desempenho do paciente em atividades que envolvem questões de mobilidade, realização de atividades da vida diária e cognição aplicada no dia a dia. O outro é a participação do paciente em atividades de lazer, trabalho e estudo e na relação com outras pessoas.
Ao todo, participaram do estudo 27 pessoas de diferentes idades e apresentando diversos níveis de comprometimento motor. Elas foram divididas em dois grupos, chamados de controle e intervenção, e foram avaliadas durante quase três meses.
O primeiro grupo realizou movimentos utilizando os jogos de realidade virtual. Já o segundo executou a mesma performance, mas sem interagir com o videogame. Toda a mobilidade foi monitorada pelo aparelho de encefalograma, que transmitia os dados registrados a um computador.
Resultados. “O que constatamos, de maneira observacional, é que o grupo de controle teve áreas do cérebro – destacadas em vermelho na tela do computador – mais ativadas quando se relacionava com os jogos virtuais, ou seja, o cérebro era mais exigido durante a atividade”, explica.
Miqueline afirma que, com base nesses dados, os profissionais da área da saúde vão poder determinar, com mais precisão, os melhores exercícios de reabilitação para cada paciente, segundo as regiões cerebrais mais utilizadas. “Devemos considerar que cada pessoa tem um grau de deficiência motora diferente da outra. Nem sempre um mesmo exercício fisioterápico vai servir para todos”, pondera.
A especialista conta que, atualmente, os dados coletados com o estudo estão sendo analisados para serem publicados até o fim deste ano. “Esperamos transformá-los em estatísticas para facilitar a implantação dessa iniciativa de tratamento na rede pública de saúde o mais rápido possível”, diz.
O Tempo
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