terça-feira, 26 de setembro de 2017

Realizando sonho, Oswaldo chega ao Galo de olho no futuro e em títulos

Após a demissão do técnico Rogério Micale, no último domingo, o Atlético agiu rápido e, dois dias depois, anunciou o nome de seu novo treinador. Trata-se de Oswaldo de Oliveira, de 66 anos, que possui no currículo trabalhos em grandes clubes do futebol brasileiro. Dirigindo o Galo pela primeira vez, ele se diz entusiasmado com a oportunidade, diz que não se enquadra em um cargo de treinador “tampão” e que chega para realizar um trabalho a longo prazo.
O novo treinador atleticano fez questão de elogiar a torcida do Galo, avalia o elenco como muito bom e com boas possibilidades de conquistar grandes títulos no futuro. Confira a entrevista na íntegra de Oswaldo de Oliveira, que terá 14 jogos, 13 pelo Brasileirão e a final da Primeira Liga, para mudar a fase do Galo, afastar a equipe do risco de rebaixamento e planejar um grande ano para 2018.
REALIZAÇÃO DE UM SONHO
"Antes da primeira pergunta, gostaria de expressar a satisfação de estar aqui. Dirigir o Atlético é a realização de um sonho. Já dirigi outras grandes equipes brasileiras. Confesso que o Atlético não é só a composição do meu currículo, é a realização de um sonho. Em 1999, vim com o Corinthians disputar a primeira partida da final do campeonato (Brasileiro), e fiquei impressionadíssimo com a manifestação do torcedor do Galo no Mineirão. Aquilo mexeu comigo. É um dos motivos mais fortes que fazem eu estar aqui hoje"
NADA DE TREINADOR TAMPÃO
"Fiquei surpreso, porque estava no Resenha ESPN, no domingo, e meu telefone tocou. Já sabia da saída do Micale. Trata-se de um treinador prodígio, medalha de ouro na Olimpíada. Como eu disse, fiquei surpreso, mas muito feliz de ter essa possibilidade. Era um sonho. Fossem qual fossem as circunstâncias, eu iria aceitar. Não como um treinador 'tampão', mas como um treinador que sonha com o cumprimento do contrato até o ano que vem. A intenção é terminar bem esta temporada e começar a outra com planos para o próximo ano e, aí sim, ter um trabalho mais organizado, mais racional, da maneira que eu acho que tem que ser o trabalho de um treinador de futebol. Há pouco tempo, vi uma estatística de que de 2000 até este ano com o provável campeão da Libertadores, 11 títulos foram de treinadores que estavam no cargo há mais de um ano. Aquelas equipes que trocaram de treinador no meio da temporada não conseguiram um status maior na América do Sul. É nisso que eu acredito. Os meus melhores desempenhos foram quando pude dar continuidade, como foi recentemente no Japão, onde trabalhei por cinco anos e ganhei nove títulos (2007 a 2011). No Botafogo, foram dois anos, uma classificação para a Libertadores, um título carioca. Depois disso, meu trabalho foi sempre interrompido. É nisso que acredito. Não aceitaria vir para o Atlético para completar uma temporada. Não sou mais treinador para isso. Meu plano é muito mais abrangente"
TREINADORES NO BRASIL
"A situação dos treinadores do Brasil é como a estrutura do país social e politicamente. Tudo avança muito vagarosamente quanto ao direito do trabalhador. Nós, treinadores, estamos tentando uma melhoria para a classe. Isso vem se desenvolvendo. Dia a dia, isso ganha corpo. Não é 'amanhã' que vamos conseguir nossos desejos, mas, a médio prazo, vamos conseguir dar maior estabilidade ao treinador no Brasil"
EXPECTATIVAS COM O GALO
"Primeiro trabalho com a satisfação de estar num dos maiores clubes brasileiros, sabendo bem minha localização e a localização do clube no cenário do futebol brasileiro. Futebol é cíclico. Num campeonato com 20 equipes, pelo menos 10 tem capacidade de levantar o título. Poucas equipes se mantém. O Atlético vem ocupando as primeiras posições, mas este ano não conseguiu. A manutenção no topo também é muito difícil. Venho enxergando a realidade do futebol brasileiro. Com a proposta de trabalhar da melhor maneira, independentemente de Libertadores, mas um trabalho consistente e que possa, num futuro próximo, ganhar as grandes competições"
TEMPO DE CONTRATO
"Foi consenso (o tempo de contrato). Eles gostaram até quando falei que aceitaria ficar até o ano que vem. Quero fazer um trabalho neste clube, porque tenho capacidade e experiência para isso"
RESPONSABILIDADE ATÉ O FIM DO ANO
"Existem dois pontos de vista: o meu e o da sucessão da direção do clube. Do meu ponto de vista, a responsabilidade é minha, sim. E vou me responsabilizar daqui para frente por tudo o que acontecer. O que vem desde o início da temporada tem interferência. Tenho que trabalhar mais a cabeça do jogador do que o plano tático, físico ou técnico. Isso vinha sendo trabalhado por outros dois grandes profissionais (Roger e Micale). Tenho que analisar o jogos e ajudar a equipe"
QUALIDADE DO ELENCO
"O elenco é tudo aquilo sim. É muito bom. Tem variáveis, tem circunstâncias que precisam ser equilibradas. Acho que o momento psicológico não é bom, porque a equipe se afastou dos grandes títulos. Mas acredito muito na reconstrução nesses dois meses que temos, em fazer grandes partidas. Que esse elenco prove a sua capacidade. É um elenco rico, de grandes jogadores, mas que estão inseguros, desconfiados, pelo que tem acontecido em relação a resultados"
MINEIRÃO OU INDEPENDÊNCIA
"Vim aqui no Independência e era sempre uma dificuldade muito grande. Na minha época do Botafogo, jogamos seis partidas e não ganhamos nenhuma. Até nos classificamos na Copa do Brasil em 2013, mas não vencemos, empatamos. Acabei de dizer para os jogadores que a torcida do Galo não é o 12º jogador. Ela é parte de cada um deles. Eu vi esse time se transformar empurrado pela torcida inúmeras vezes. Quando vínhamos aqui, tínhamos o cuidado para não sofrer essa interferência, mas era quase impossível. O time do Atlético era avassalador tanto no Mineirão, quanto no Independência. Se os jogadores mostrarem para a torcida que ela pode fazer parte de cada um deles, ela (a torcida) vai nos ajudar muito"
ÚLTIMOS TRABALHOS
"Não foi tempo que faltou, foi bom senso. O trabalho vinha sendo bem feito. Muitas vezes não concordei com uma coisa ou outras. Se tivesse seguido, as coisas iam acontecer, como aconteceram muitas vezes"
ROBINHO
"O Robinho é um dos grandes atacantes de todos os tempos do futebol brasileiro. Trabalhei com ele em 2005 e em 2014 no Santos. Fico triste de vê-lo no banco. Vou conversar com ele para saber o que precisamos fazer para que ele volte a ser o Robinho de antes"

ESTILO 'GALO DOIDO'
Depende muitas vezes do elenco. Tinha uma característica muito interessante, que era uma bola no Jô, sobrava no Ronaldinho, que passava para o Marcos Rocha. Hoje, só o Rocha está aqui, mas está machucado. Vou jogar com as características que nós temos"
O Tempo

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