segunda-feira, 31 de julho de 2023

COMEMORAÇÕES TERMINAM COM FERIDOS DURANTE AÇÃO POLICIAL EM ANTÔNIO PEREIRA

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Ouro Preto

31 de julho de 2023

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Ouro Preto vai realizar reunião para averiguar os fatos. PM alega presença de popular armado

Por Lucas Porfírio 

Neste domingo (30/07), durante as comemorações do título da “Copa Gigantex”, campeonato de futebol de Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto, uma operação da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) deixou diversas pessoas feridas. A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Ouro Preto, no dia 1º de agosto, irá realizar uma reunião para investigar os fatos e ouvir os moradores.

Em vídeos que circulam nas redes sociais, principalmente no WhatsApp, é possível ouvir barulhos de tiros e bombas. Além disso, moradores indignados falam sobre o ocorrido. “A polícia machucou o menino à toa, todo mundo curtindo, chegou batendo em todo mundo. Isso aí que a Polícia faz com nós. [...] Injustiça, covardia. [...] Deu tiro no olho da menina, machucou criança, sem ninguém fazer nada”, diz uma moradora não identificada, em um vídeo que mostra um homem ferido, enquanto uma outra pessoa chora ao fundo.

Em um outro vídeo que mostra a perna de um homem ferida por tiros, uma mulher também não identificada relata: “Não tinha droga, não tinha briga, não tinha nada. Os policiais chegaram metendo tiro, bomba em todo mundo. Acertando até criança, o olho dos outros, em uma festa tranquila no Pereira”.

O Vereador Vander Leitoa (Solidariedade), em entrevista ao Jornal O Liberal, contou que esteve nas comemorações do campeonato e que também foi um dos feridos. “Infelizmente ocorreu um fato que nos entristece muito. [...] Teve uma festa depois, feita pros jogadores, uma coisa bem família, não tinha bagunça, não tinha nada. Eu não sei se é discriminação, se é porque é uma parte pobre, maioria de negros, que a Polícia [...] usaram de uma truculência, de uma força excessiva, tem pessoas machucadas. [...] É revoltante, um distrito que já sofre tanto, tem vários problemas, a polícia que era para dar todo apoio chega com uma truculência dessa”, afirmou o vereador.

A Prefeitura de Ouro Preto também repudiou a ação da Polícia Militar no distrito. “Prestamos plena solidariedade ao povo de Antônio Pereira diante dos atos de violência praticados no nosso distrito. Manifestei junto à Polícia Militar o nosso protesto contra essa violência policial ocorrida ali e esperamos as providências cabíveis da parte da Polícia Militar. [...] Eu estive no Pereira, participei daquele jogo tão importante de futebol, congregando toda a região, havia uma harmonia muito grande. Tudo ia muito bem, quando no final ocorreram essas cenas de violência”, afirmou o chefe do executivo, Angelo Oswaldo (PV). 

Vereadores notificam ALMG sobre violência policial em Ouro Preto

Na manhã desta segunda-feira (31), os vereadores Vander Leitoa e Wanderley Kuruzu (PT), foram até a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Belo Horizonte, no intuito de comunicar à instituição sobre os ocorridos no distrito de Antônio Pereira. Além disso, eles tiveram um encontro com o diretor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Minas Gerais, William dos Santos. De acordo com o advogado, a prisão de oito indivíduos durante a ação da PMMG pode ser considerada ilegal e desprovidas de fundamentos: “Nos assustou a violência com que foi feita a intervenção da Polícia Militar ontem no distrito de Antônio Pereira, em Ouro Preto. Diante desses fatos, decidimos torná-los públicos para algumas entidades e para a mídia nacional. E com surpresa, hoje pela manhã, tivemos a presença dos vereadores que nos informaram que há oito pessoas detidas ilegalmente pela Polícia Militar. Isso é um absurdo, não é?”.

Willian disse que estão aguardando, no máximo, até a terça-feira (31/07), para realizarem uma audiência de Custódia e pedir ao poder judiciário a liberação dos presos. “Na Polícia Civil, faremos também uma representação, além de orientar medidas contra esses policiais militares, pois foi uma violência gratuita, sem qualquer fundamentação. A prisão, por si só, era ilegal de pleno direito”, afirmou o diretor da OAB/MG.

Resposta da Polícia Militar de Minas Gerais

Em uma nota, divulgada pela Polícia Militar de Minas Gerais, nesta segunda-feira (31/07), a instituição diz que por volta de 18h20, a guarnição PM foi acionada pelo COPOM em uma chamada de perturbação de sossego, face ao som alto que incomodava vários moradores das redondezas do evento no distrito de Antônio Pereira. No local, a viatura constatou que havia uma comemoração com aproximadamente 300 pessoas. Tendo em vista a quantidade de pessoas, a viatura solicitou apoio.

“Nesse ínterim, o COPOM repassou que havia outra chamada no mesmo local, informando que a situação havia progredido para rixa. As viaturas deslocaram para próximo ao local e depararam com dois veículos automotivos com som alto. Após o início da intervenção policial alguns populares começaram a hostilizar os policiais com palavras e tentativas de impedir a ação policial, ocorrendo agressões e arremesso de pedras, sendo necessário uso de instrumento de menor potencial ofensivo, IMPO, granadas e espargidores de agente químico a fim de dissuadir os agressores, evitando o emprego de arma de fogo”, continua a nota.

Por fim, a PMMG diz que “foi visualizado pelos militares um indivíduo em meio a multidão portanto arma de fogo e apontando na direção dos militares, seguido do barulho de estampido da arma, de forma que os militares fizeram uso de arma de fogo contra o cidadão que ameaçava a vida dos militares. No local foram apreendidas uma arma de fogo, 01 foice, 01 facão, 05 munições cal. 380 e 10 pessoas foram presas devido à resistência a atuação policial. O registro da ocorrência foi acompanhado por advogados dos envolvidos e encerrado na delegacia de polícia civil para as providências decorrentes. Em relação à atuação policial, foi instaurado um inquérito policial militar para apurar os fatos, conforme legislação vigente”.

Jornal O Liberal

Região dos Inconfidentes

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