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Ouro Preto
05 de fevereiro de 2024Lucas Porfírio
Desde o ano passado, a Prefeitura de Ouro Preto, com o apoio da Fundação Gorceix, está realizando a revisão do Plano Diretor Municipal. O documento é uma lei que planeja a cidade e os distritos para os próximos dez anos.
Por lei federal, o Plano Diretor deve ser construído de forma coletiva, ouvindo diversos setores da sociedade. Na última sexta-feira (02), foi realizada, de forma remota, uma reunião para ouvir os agentes das áreas de cultura e preservação do patrimônio.
De acordo com a arquiteta Ana Schmidt, coordenadora da equipe multidisciplinar da Fundação Gorceix, já foram realizadas reuniões em todos os distritos de Ouro Preto e quatro reuniões na sede. “A gente entende que essa questão da cultura e do patrimônio cultural em Ouro Preto é super importante. É fundamental, é a alma de muitos núcleos urbanos e da área rural. A gente sabe a importância que isso tem na vida dos cidadãos”, completou a coordenadora.
Ouro Preto é uma cidade que respira patrimônio e cultura, sendo reconhecida nacional e internacionalmente por essas áreas. O historiador Bernardo Andrade, responsável pela parte de cultura e patrimônio na revisão do Plano Diretor, destacou que a reunião teve o intuito de promover o diálogo e falou da importância de olhar para a questão do patrimônio em relação aos distritos.
“A gente tem visto muitos problemas nos distritos. Muitos distritos ainda são carentes dessa parte, tanto do reconhecimento do patrimônio, quanto de sua preservação. [...] Tem alguns distritos que têm sido mais valorizados nos últimos anos nesse setor, mas outros que ainda são carentes desse reconhecimento do patrimônio”, completou o historiador.
A reunião contou com a participação de diversos membros da área cultural e de preservação do patrimônio, que puderam trazer suas colaborações e dúvidas sobre o processo de revisão do Plano Diretor. Judith Andrade, artesã e membro da rede de artesãos e artesãs de Ouro Preto falou sobre a sua preocupação com o patrimônio imaterial: “A gente está perdendo muita coisa pelo caminho. [...] As pessoas estão se voltando muito para outras coisas e esse patrimônio está ficando esquecido. [...] A gente não tem um espaço aqui para trabalhar o artesanato local. [...] A gente não tem um local central onde o artesão local pode apresentar o seu artesanato”.
A arquiteta Sandra Fosque, destacou que os direitos culturais são parte dos direitos humanos e uma cidade que no centro de suas atividades não valorizar a cultura do seu povo está infringindo direitos. “Eu acho muito importante a gente pensar o patrimônio histórico dentro da dinâmica urbana da cidade. [...] Quando a gente faz política para desenvolvimento urbano, a gente tem que pensar o patrimônio inserido dentro dessa política de desenvolvimento urbano. Então, eu acho que o Plano Diretor é importante nesse sentido, de inserir o patrimônio histórico na dinâmica da cidade como um todo e na vida das pessoas”, completou Fosque.
Ainda, dentre as colocações, o morador do bairro Antônio Dias, Otávio Luiz Machado, expressou a sua preocupação em relação ao comércio e ao centro histórico da cidade. “No Centro Histórico há uma perda populacional.[...] Praticamente a gente não tem mais moradores de Ouro Preto. Está tudo virando comércio. Essa é uma preocupação de que a cidade seja para os moradores. De que o patrimônio esteja na vida, no cotidiano das pessoas”, afirmou o cidadão ouro-pretano.
Para sugestões ou informações, moradores de Ouro Preto podem ir até a sala do Plano Diretor, que fica na rua Conde de Bobadela (rua Direita), 142, Centro, ou ligar para o número (31) 3559-7491.
Jornal O Liberal
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