A revista científica Frontiers in Psychology acaba de publicar um artigo de relevância global, intitulado “Examining the mental health symptoms of neurodivergent individuals across demographic and identity factors: a quantitative analysis”, de autoria de J. David Pincus e Ken Beller frontiersin.org+1frontiersin.
Por que o estudo é importante
A pesquisa nasceu da necessidade de compreender como múltiplas identidades interagem no contexto da neurodivergência. Em especial, raramente se considerou como gênero, raça, orientação sexual e outras categorias sociais modulam o bem‑estar emocional de indivíduos neurodivergentes, incluindo aqueles com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) . Trata‑se de um avanço metodológico e conceitual, alinhado ao chamado paradigma da interseccionalidade.
Metodologia empregada
Os autores conduziram uma análise quantitativa com base em questionários estruturados, aplicados a uma amostra diversa de neurodivergentes. Foram investigados sintomas de ansiedade, depressão, qualidade de vida e fatores como identidade de gênero, etnia e orientação sexual. Utilizando estatística multivariada, o estudo identificou interações significativas entre neurodivergência e outras identidades sociais. O método expressa rigores psicométricos, amostra robusta e uso de modelos de regressão para identificar variáveis preditoras da saúde emocional .
Principais achados
Diagnóstico sob múltiplas identidades
Verificou-se que neurodivergentes que detêm outras identidades "marginalizadas" (mulheres, pessoas LGBTQIA+, minorias étnico‑raciais) exibem escores significativamente mais elevados de ansiedade e depressão frontiersin.org+1openurl.ebsco.com+1. Desigualdade no cuidado em saúde
A pesquisa observou que tais grupos reportaram maior uso de serviços de saúde, mas com qualidade menor nos resultados clínicos frontiersin.org+1compass.onlinelibrary.wiley.com+1. Recomendação de práticas inclusivas
Os autores defendem uma abordagem clínica interseccional, voltada não apenas ao diagnóstico, mas ao entendimento da identidade múltipla do paciente, como forma de melhorar o suporte emocional e terapêutico link.springer.com+1researchgate.net+1.
Quem revisou este estudo
A qualidade técnica da investigação foi garantida pela revisão criteriosa de renomados especialistas:
Dra. Violeta Pina, PhD em Neuropsicologia e Professora da University of Granada, Espanha
Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, luso-brasileiro PhD em Neurociências e Professor na Universidade Católica do Rio Grande do Sul no Brasil, Diretor do Centro de Pesquisa e Análises Heráclito (CPAH), Brasil
Ambos ofereceram avaliações técnicas de alto nível, conferindo credibilidade internacional ao artigo.
Considerações finais
Este trabalho representa um marco na saúde mental da comunidade neurodivergente. Ao evidenciar o peso da interseccionalidade, abre caminho para uma compreensão multidimensional das necessidades emocionais dessas populações. Trata-se de uma chamada à reforma dos sistemas de cuidado, que precisam ultrapassar diagnósticos unidimensionais para incorporar realidades sociais complexas.
Referência
Pincus, J.D., & Beller, K. (2025). Examining the mental health symptoms of neurodivergent individuals across demographic and identity factors: a quantitative analysis. Frontiers in Psychology.
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