Há avanços, mas também há desafios a serem superados com essa novidade, afirma a editora-chefe da Atena Editora, Antonella Carvalho de Oliveira
A avaliação da produção científica brasileira está prestes a passar por uma das maiores transformações da última década.
Com o novo ciclo do Qualis CAPES (2025–2028), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior anunciou uma grande mudança na forma como os artigos científicos serão avaliados no país, o foco deixa de ser o periódico e passa a ser o artigo em si.
Os avanços
A ideia da mudança, em um primeiro momento, parece um avanço pois em vez de medir a qualidade de uma pesquisa apenas pelo prestígio da revista em que foi publicada, o Novo Qualis pretende observar critérios como impacto real, originalidade, relevância social e contribuição científica concreta.
O objetivo é tornar a avaliação mais justa, considerando as peculiaridades de cada área do conhecimento.
“Essa mudança tem o mérito de reconhecer o valor de produções que não necessariamente estão em revistas com alto fator de impacto, mas que têm grande relevância para suas áreas ou comunidades”, avalia Antonella Carvalho de Oliveira, editora-chefe da Atena Editora, especializada em publicações acadêmicas de acesso aberto.
“É uma chance de fortalecer a ciência nacional e valorizar pesquisas que dialogam com a realidade brasileira”.
O novo modelo também reconhece a importância dos periódicos de acesso aberto, que permitem maior democratização do conhecimento, e reforça o papel de publicações com foco em impacto social e não apenas acadêmico, mas essas boas intenções esbarram em um ponto crítico: A viabilidade prática da análise artigo por artigo.
As dificuldades
Avaliar individualmente dezenas de milhares de textos científicos, com critérios qualitativos e diferentes para cada área, exigirá uma estrutura técnica e operacional que a própria CAPES ainda não deixou clara.
“O risco é que, diante da dificuldade operacional, se volte a recorrer a métricas simplificadas, como fator de impacto e número de citações, repetindo as falhas do modelo anterior”, alerta Antonella Carvalho de Oliveira.
A subjetividade da nova avaliação também preocupa, especialmente nas ciências humanas e sociais, onde o impacto de uma pesquisa nem sempre se reflete em números, mas em transformações culturais, pedagógicas ou políticas públicas.
Adaptação e observação
O Novo Qualis está previsto para começar a valer já em 2025. Até lá, o cenário é de adaptação e observação, para pesquisadores, editores e programas de pós-graduação, o momento é de aprendizado e de questionamento. Afinal, como transformar um modelo sem reproduzir os mesmos vícios de sempre?
“A proposta é relevante e aponta para um caminho mais justo, mas é preciso garantir que os critérios sejam claros, que a análise seja realmente técnica e que os pesquisadores saibam com o que estão lidando”, conclui Antonella Carvalho de Oliveira.
Sobre Antonella Carvalho de Oliveira
A professora Antonella Carvalho de Oliveira é licenciada em Pedagogia, Mestre em Engenharia de Produção e Doutora em Ensino de Ciência e Tecnologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Tendo mais de 30 anos de carreira no magistério e uma década de atuação como professora na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Autora do livro "Como se Faz um Produto Educacional", o único no Brasil que ensina de maneira específica como criar um produto educacional. Atualmente, ocupa o cargo de Editora Chefe da Atena Editora.
A professora Antonella Carvalho
Sobre a Atena Editora
A Atena Editora é uma referência no cenário editorial brasileiro há quase 10 anos no mercado, sob a liderança de Antonella
Isabella Dias
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