quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Congonhas e Ipatinga contam os prejuízos das demissões

Ipatinga, no Vale do Aço, e Congonhas, na região Central, embora em regiões diferentes do Estado, estão vivendo situações parecidas nas suas economias. Com redução dos negócios da cadeia de mineração e siderurgia, liderada por CSN e Usiminas, essas cidades passaram por aumento do desemprego no ano passado e ainda convivem com o receio de mais cortes em 2016. Ipatinga, por exemplo, puxada pela Usiminas, figurou na lista das 50 cidades que mais demitiram em 2015 no Brasil, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. O saldo (contratações menos demissões) foi negativo em 6.922.

Em Congonhas, as demissões foram maiores que as contratações, resultando num saldo negativo de 423 postos de trabalho. Embora o corte seja menor na comparação com Ipatinga, a cidade convive com o medo de que haja mais demissões.

Com redução da atividade de setores importantes da economia, a arrecadação desses municípios teve queda e o comércio amargou retração no ano passado, que para alguns lojistas chega a 50%.

Em Congonhas, o cenário de redução das vendas verificado em 2015 continuou neste ano, conforme o presidente da Associação Comercial da cidade, Diego Mafia. Ele estima queda mas vendas do varejo de 15% a 20% em 2015. “Em janeiro, o comércio está mais apreensivo ainda. Existe receio de que haja mais cortes nos empregos, já que o cenário não é bom para as indústrias”, observa. O dirigente estima recuo da ordem de 25% nas vendas no varejo local no primeiro mês de 2016 frente igual período do ano passado.

A gerente da loja Atacado da Moda Mineira, Maria Raimunda Zeferino Rocha, conta que o clima é de desânimo em Ipatinga. “Não é raro encontrar pessoas que querem ir embora do país”, ressalta. Em 2015, as vendas da loja tiveram queda de 50%. O dono da papelaria Delta, na mesma cidade, José Geraldo Rocha, diz que 2015 foi marcado pela estabilidade, mas que janeiro deste ano está bem pior, com recuo de 50% nas vendas.

E os cofres públicos não ficaram ilesos. A crise, que se tornou mais visível no ano passado, fez com que a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em Ipatinga tivesse recuo de quase 29%, em valores corrigidos, na comparação com 2014, segundo o secretário municipal de Fazenda, Fábio Mussi. “É uma das piores crises vividas pela cidade”, diz.

Em Congonhas, o medo do desemprego ainda ronda a cidade. O diretor do Sindicato Metabase Inconfidentes, Rafael Ávila, diz que Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) planeja demitir cerca de 950 funcionários próprios na divisão de mineração. Desde 11 de janeiro, conforme ele, foram desligados da área de mineração da companhia por volta de 230 empregados. Até aquela data, a empresa tinha em torno de 4.750 funcionários.

E o problema não é só da CSN, mas de todo o setor. O segmento do aço no país contabilizou recuo nas vendas de 16,1% no ano passado frente 2014, segundo o Instituto Aço Brasil (IABr).

E as perspectivas para 2016 não são animadoras, conforme o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, que prevê queda de vendas de aço de 6% em relação a 2015, após retração de mais de 20% no ano passado na comparação com 2014.
Mais cortes estão previstos para este ano

O prefeito de Congonhas, José de Freitas (PSDB), afirma que se os cortes no quadro da CSN se confirmarem, será um verdadeiro caos na cidade. “São trabalhadores de uma área específica e que não conseguirão se recolocar facilmente no mercado de trabalho”, diz. Ele conta que já pediu uma audiência com o governador do Estado para tratar sobre o assunto.

A reportagem procurou a CSN que informou que não está comentando o assunto.

Freitas ressalta que Congonhas teve uma redução de cerca de 30% na receita líquida no ano passado na comparação com 2014. Diante desse cenário, obras que tinham projeto, mas que ainda não tinham sido licitadas, tiveram que ser suspensas. 

Governo lança nesta quinta pacote de R$ 50 bi

Brasília
. O governo deve liberar cerca de R$ 50 bilhões em linhas de crédito do Banco do Brasil, BNDES e Caixa (incluindo recursos do FGTS) no esforço para a retomada dos investimentos e do crescimento da economia. O anúncio será feito pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, na reunião de reabertura do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, marcada para esta quinta.

O governo anunciará também a ampliação de linhas do BNDES para financiar o “pré-embarque” dos exportadores, que são linhas que apoiam a produção de bens e serviços destinados à exportação. A presidente Dilma Rousseff quer que o comércio exterior seja um dos caminhos para reativar a economia.

Embora a intenção da equipe econômica não seja anunciar um pacote de medidas, o reforço no crédito será o principal resultado prático da reunião, que é vista como um marco importante para sinalizar os principais compromissos do governo e a estratégia de recuperação econômica.

O crédito é peça fundamental na política que será adotada. A equipe econômica avalia que há demanda para empréstimos, apesar do ceticismo de economistas do mercado financeiro.
O Tempo

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