quarta-feira, 30 de março de 2016

Transitoriedade

Tostão
O Tempo
PUBLICADO EM 30/03/16 - 03h00
Fora os titulares absolutos e insubstituíveis, Neymar, Messi, Di Maria e Mascherano, as seleções brasileira e argentina possuem dois bons jogadores, de níveis técnicos parecidos, em todas as outras posições. Faz pouca diferença se joga um ou outro. Já nas seleções europeias, os titulares são, geralmente, muito superiores aos reservas. Isso fica mais evidente nos amistosos, quando os técnicos fazem muitas experiências.

Como o Brasil é mais pressionado para vencer, e Dunga só pensa na vitória imediata, atuam sempre os melhores. Daí o Brasil ter conquistado o título mundial de amistosos.

Independentemente do que ocorreu ontem contra o Paraguai, discordo de que o elenco da seleção é ótimo e de que o time não joga melhor somente por causa de Dunga. Não temos um grande centroavante nem um craque no meio-campo. O melhor zagueiro, Thiago Silva, não joga. Dunga não deveria ser o técnico, mas as deficiências são individuais e coletivas.

Após a Copa de 2014, surgiram, em todo o mundo, vários excelentes jogadores que não participaram e/ou não brilharam no Mundial do Brasil. Eles já são titulares de grandes clubes e têm chances de se tornarem destaques em suas seleções nos próximos anos e na Copa de 2018. Entre tantos, citaria Douglas Costa e Willian, do Brasil, Dybala, da Argentina, Thiago Alcântara, da Espanha, Kane, da Inglaterra, Griezmann, Martial e Coman, da França, e Reus, da Alemanha.

França e Inglaterra evoluíram após 2014. Além dos jogadores citados, há outros muito bons, além de terem ótimos conjuntos. A França possui ainda um craque no meio-campo (Pogba). Se Benzema fizer as pazes com a seleção e com o país, o time ficará ainda mais forte. A Inglaterra ganhou todas as partidas das Eliminatórias da Europa. Já a Alemanha piorou com as saídas de Lahm e Klose e com as contusões de Schweinsteiger, que tem jogado pouco e mal pelo Manchester United. Os reservas da Alemanha são muito inferiores aos titulares.

A sentença dada após a eliminação na primeira fase da Copa de 2014, de que tinha acabado a brilhante geração da Espanha, foi equivocada. O goleiro De Gea e o meio-campista Thiago Alcântara são dois excepcionais substitutos para Casillas e Xavi. A Espanha continua com o melhor meio-campo do mundo, formado por Busquets, Iniesta e Thiago Alcântara, além de Fàbregas e outros. Piqué, Sergio Ramos e Jordi Alba estão entre os melhores do mundo em suas posições. Falta à Espanha, o que já acontecia nas grandes conquistas, ótimos atacantes, e não só um centroavante (Diego Costa briga mais do que joga). Não há também ótimos jogadores pelos lados, com característica de atacantes.

O excelente planejamento, a ótima estrutura profissional e a competência da Alemanha e da Espanha na formação de atletas, por muito tempo, culminaram com o surgimento de muitos craques e de grandes conquistas. Mas, pelas leis da estatística, da ciência, do mistério e do acaso, é pouquíssimo provável que a próxima geração que vai comandar o futebol dos dois países, após a Copa de 2018, seja tão brilhante quanto a atual.

Tudo passa. A transitoriedade das coisas muda nossas vidas e o futebol.
Clássico

A vitória do Cruzeiro no clássico contra o Atlético, no último domingo, foi importante para o time ganhar confiança e para haver mais esperança no trabalho do técnico Deivid. Mas o Cruzeiro venceu não porque teve uma ótima atuação e porque foi melhor que o Atlético. Venceu por seus méritos, porque jogou com firmeza, pela falha do jovem goleiro Uilson, pela excepcional atuação de Fábio e pelos gols perdidos pelo Atlético na partida.

Quando ganha, até os erros são elogiados, como a escalação de Élber pelo centro, já que ele sempre atuou pela direita do campo, onde aproveita sua velocidade, ainda mais que o Atlético tinha um lateral-esquerdo fraco e improvisado, Carlos César. Repito, se o Cruzeiro quiser disputar os primeiros lugares no Campeonato Brasileiro, precisa de reforços.
O Tempo

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