terça-feira, 26 de maio de 2020

Sob a tragédia


Torpedeados por um vírus, que deveria ter sido dizimado antes de deflagrar o ataque contra a humanidade, que a precedem no tempo, mas é um ser sem razão e involuntariamente genocida, os povos do mundo inteiro, perplexos, ficam entre a onda e o amor, "indagando ao largo vento e à rocha imperativa..., nesse quando amanhecer e frescor de coisa viva." (Carlos Drummond de Andrade).

O sofrimento poderá gerar um novo mundo bom, como esperamos, mas já existem duas correntes nas cabeças inextricáveis dos "sapiens"; uma que propaga a solidariedade pós-pandemia num mundo ética e solidariamente renovado, outra diabólica que propõe que as mais fortes soberanias se organizem para se defenderem de novos surtos, deixando os outros povos a morrer.

Esse segundo pensamento é guiado pelo chefe da extrema direita mundial, Donald Trump. Ao lançar esse tíbio programa assistencialista de R$ 600,00, deixou claro o Ministro Paulo Guedes que é para atravessar a pandemia no Brasil. Depois disso, voltarão os incisivos conflitos entre grupos políticos, porque o conflito é da essência da política. É dizer, nosso guru econômico, inequivocamente, integra o ideário da extinção do outro, nada menos do que sustenta Olavo de Carvalho, nada menos que o nazi-fascismo contemporâneo, que não precisará começar tocando fogo na Polônia, nem de campos de concentração: basta deixar que novas ondas virais ataquem os povos assentados fora de seus muros, dentro dos quais se protegerão controlando a ciência.

* Amadeu Garrido de Paula

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