quarta-feira, 6 de maio de 2020

Política emocional no seio de uma pandemia

A pandemia que abalou o século XXI ficará registrada na história como a versão biológica da terceira guerra mundial.
 Para nós, a diferença das guerras mundiais está no impacto sobre todos os seres humanos. Na segunda mundial, participamos com corajosa tropa ao lado dos aliados, mas o povo não foi diretamente envolvido.
 Hoje, todas as nossas vidas já se modificaram. Resta especular sobre o "day after".
A constrangedora notícia de hoje: o Brasil é o epicentro do coronavírus, tendo ultrapassado a nefasta realidade norte-americana.
1.657.752 de infectados, segundo média apurada em estudo da USP de Ribeirão Preto. "Apenas" 114.715 segundo os dados oficiais de um governo de quase nenhuma credibilidade.
Uma conduta una, sólida, racional, era o que se esperava de todos os governos da Federação, sob lideranças firmes.
Temos, porém, uma política emocional, contraditória e dispersa. Responsabilidade do governo federal, que deveria conduzir o combate eficaz contra o coronavírus, fundado na ciência e suas atuais possibilidades.
Porém, no meio do caminho havia um jogo. Interesses politiqueiros não respeitam nem mesmo a saúde e a vida.
Grupos de extrema direita apoiam o Presidente, na melhor réplica do CCC (Comando de Caça aos Comunistas), que conhecemos em 1968 e seguintes. Em geral, bisões infra-normais cujas neuroses são o combustível para atacar o povo comum, do alto de sua riqueza.
E o Presidente os agracia e estimula. O "e daí?", ante doenças e mortes, revela uma sensibilidade autêntica para quem acompanhou meliantes da tortura e da morte no regime de exceção.
Ingressamos no mais grave imbróglio da história do Brasil. Sem capacidade estrutural de enfrentar o vírus, salvo com alentadas contribuições internacionais, que não virão enquanto estivermos sob uma plutocracia xenófoba e megalomaníaca.

* Amadeu Garrido de Paula

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