quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Um Plano Diretor para o futebol brasileiro


O futebol brasileiro se encontra em crise: clubes, com raríssimas exceções, em situação financeira complicada, dirigentes envolvidos em negociatas pouco confiáveis, insegurança nos estádios etc.
Diante disso, é necessária a união dos atores envolvidos na administração desse esporte, para diagnosticar os problemas e apontar soluções.
Essa reunião precisa ser democrática: deve contar, majoritariamente, com dirigentes (os famosos "cartolas"), mas também com representantes de autoridades públicas envolvidas na organização de espetáculos esportivos, representantes das torcidas etc.
Nessa reunião é preciso abordar a realidade do futebol brasileiro na sua totalidade e, após discussão, fazer uma espécie de plano diretor do futebol. 
O plano diretor de um município é uma lei que organiza o convívio no espaço de uma cidade. Por analogia, o plano diretor do futebol seria uma lei contendo o conjunto de diretrizes gerais e regras especiais sobre as várias atividades envolvidas na prática do futebol, destacando-se três: administração e regras de compliance, direitos dos torcedores e, por fim, plano de carreira dos atletas.

Administração e regras de compliance

Atualmente, a grande maioria dos clubes está endividada. Isso se deve, sobretudo, a dois fatores: por um lado, à incompetência e, em alguns casos, infelizmente, à má fé dos dirigentes e, por outro lado, à pressão da torcida por resultados imediatos. Só vejo uma maneira de solucionar esse problema: criar um controle nos moldes da lei de responsabilidade fiscal: o dirigente que gastar mais do que arrecada responde pessoalmente, penal e civilmente, pelo dano causado ao clube. Isso faria que os dirigentes honestos tenham respaldo legal para resistir às pressões da torcida por contratações milionárias, incompatíveis com a realidade do clube. Os desonestos, que infelizmente hoje provocam os clubes brasileiros, nem teriam vontade de entrar...

Plano de carreira dos atletas

O plano de carreira dos atletas deve prever de forma clara as categorias (Infantil, juvenil, juniores e profissional), seus salários, formas de progressão, direitos e benefícios etc. Os salários devem ser proporcionais a cada categoria, aberta a possibilidade porém de o craque do time ter um salário um pouco diferenciado (respeitadas as regras de responsabilidade fiscal).
O plano de carreira deve contar ainda regras de produtividade, estabelecidas com base em critérios técnicos.
Naturalmente, o teto salarial de cada categoria do plano diretor deve ser estabelecido por cada clube, dentro de sua realidade financeira: cada um paga o que pode pagar.
Não deve haver nenhuma padronização nisso, porque a realidade de um clube pode ser, e de fato é, diferente da realidade de outro clube.

Direitos dos torcedores

O estatuto do torcedor já os prevê. O que é necessário agora é sua revisão, buscando o estabelecimento de medidas concretas para garantir a segurança e o bem estar nos estádios.

Mas não adianta apenas criar o Plano Diretor do Futebol Brasileiro. Uma vez criado, ele precisa ser cumprido com rigor. Sem isso, nosso futebol brasileiro caminha a passos largos rumo à decadência.

Detalhe de suma importância para o espetáculo

Durante uma partida de futebol, cada equipe pode fazer três substituições.
Seria interessante que depois de feitas as substituições, caso um jogador de uma equipe sofra uma fratura, seja possível, fazer a quarta substituição.
Um detalhe que reputo da maior importância para o bom espetáculo, óbvio, só em caso de uma possível fratura em um jogador.

Aconteceu com o futebol brasileiro

Muitas vezes passamos a vida distraídos, deixamos de estar conscientes para o que está acontecendo, em certos momentos somos atropelados pelas circunstancias.

Só com o fortalecimento dos clubes

O que precisamos é que todos estejam cada vez mais integrados no espirito de melhorias do futebol brasileiro.
Todo mundo trabalhando, todo mundo comunicando esses conceitos, seja entidade máxima do futebol brasileiro, federações esportivas estaduais, dirigentes dos clubes, torcidas e a imprensa esportiva.
Todos imbuídos do mesmo propósito de melhorias de todos os conceitos e em todos os níveis, do futebol brasileiro.
Nessa hora de crise é importante a união e a padronização de idéias das pessoas inseridas no processo.
Não vão nunca sozinhos, concertar o que conseguiram atrapalhar.
Tem que ser uma melhoria contínua, com um trabalho de todos.
Um trabalho a longo prazo, resultados imediatos não daria certo, não seria a solução.

Cristóvão Martins Torres

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