sexta-feira, 3 de novembro de 2023

TRAGÉDIA DE BENTO RODRIGUES: 8 ANOS DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM

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 Mariana

03 de novembro de 2023

Em coletiva, atingidos relatam que ainda lutam por reparação

Por Karina Peres

Na manhã desta quarta-feira (01), a Comissão dos Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF), realizou uma coletiva de imprensa com o objetivo de fazer um balanço sobre a situação das pessoas que foram afetadas pelo rompimento da Barragem de Fundão, ocorrido no dia 5 de novembro de 2015, em Mariana. Durante o evento, os atingidos relataram que após oito anos do rompimento, eles ainda lutam pela reparação.

Eles destacaram que apesar de ser um importante passo na reparação dos danos, os reassentamentos que estão sendo construídos pela Fundação Renova não respeitam integralmente os modos de vida das comunidades. Os atingidos destacaram que antes do rompimento, as comunidades, em sua maioria, plantavam e colhiam seus próprios alimentos, sem a utilização de agrotóxicos, criavam animais para consumo, pescavam nos rios, coletavam lenha, plantas medicinais e madeira nas matas e, frequentemente, trocavam alimentos entre a vizinhança, familiares e amigos. Porém, esses modos de vida não foram recuperados e estão entre as demandas de reparação dos atingidos. “Nós não queremos nada além daquilo que não fosse nosso [...] E dentro desse objetivo, a gente luta pela reparação e restituição dos nossos modos de ser, da nossa cultura, da nossa identidade e das nossas tradições [...] Nós tivemos que brigar para ter um fogão a lenha nas nossas casas. [...] E isso não se conclui apenas com a entrega de uma chave de uma casa [...] A nossa comunidade não nasceu há oito anos, nós somos muito mais fortes do que essas mineradoras. O que nós queremos é devolva o que é nosso”, declarou Anderson de Paulo, atingido de Paracatu de Baixo.

Com a lentidão da justiça brasileira, os atingidos vêm na ação que está sendo movida na Inglaterra a possibilidade de ter a reparação pelos danos da barragem concluídas. “Eu cheguei a acreditar na justiça do nosso país, mas ao longo desses anos, eu vi pessoas morrendo e não recebendo, não tendo a reparação devida. A ação de Londres veio para nos ajudar nisso. A justiça de lá está determinando uma data para que a gente possa se libertar dessa loucura que virou nossas vidas desde o dia 5 de novembro”, disse Anderson.

Outra preocupação dos atingidos é que o assessoramento técnico e independente feito pela Cáritas acaba este ano. Ele teve início em outubro de 2016, e é composto por profissionais das diversas áreas do conhecimento, como arquitetura, engenharias, serviço social, psicologia, comunicação e antropologia. “Nossa assessoria técnica tem contrato até o final de novembro, a partir de dezembro a gente não tem mais. Então eu deixo um recado para o promotor. Como a gente vai ficar sem assessoria técnica?”, questionou Marino D’Angelo, atingido de Paracatu de Cima. 

A programação de reflexão sobre o período se estende até quarta-feira, 08/11.

Resposta da Fundação Renova

Responsável pela reparação da tragédia causada pela Samarco, a Fundação Renova respondeu que “a reparação começou logo após o rompimento da barragem de Fundão. Foram solucionados 405 casos de restituição do direito à moradia com a entrega do imóvel ou o pagamento de indenização, e outros 284 já têm solução definida, de um total de 719 casas, comércios, sítios, lotes e bens coletivos. Nos reassentamentos coletivos de Bento e Paracatu, 72 imóveis (casas, comércios, sítios e lotes) foram entregues aos novos moradores. Dos 248 imóveis previstos em Bento, 168 estão com obras finalizadas. Em Paracatu, dos 93 imóveis previstos, 66 estão com obras finalizadas até 29 de setembro.

O monitoramento hídrico da bacia do rio Doce demonstra que a qualidade da água retornou aos parâmetros similares aos anteriores ao rompimento da barragem de Fundão. Ações integradas de restauração florestal, recuperação de nascentes e saneamento estão acontecendo ao longo da bacia e visam à melhoria da qualidade da água.

Até agosto de 2023 foram destinados R$ 32,66 bilhões às ações de reparação e compensação. Desse valor, R$ 13,17 bilhões foram para o pagamento de indenizações e R$ 2,55 bilhões em Auxílios Financeiros Emergenciais, totalizando R$ 15,72 bilhões para 431,2 mil pessoas”.

Jornal O Liberal

Região dos Inconfidentes

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