Um novo estudo traz luz às diferenças substanciais entre pessoas superdotadas, classificadas como 2 desvios-padrão (2DP) e aquelas com superdotação profunda, ou 3 desvios-padrão (3DP) acima da média. Conduzida pelo renomado Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, membro da Society for Neuroscience nos EUA e presidente da sociedade de alto QI ISI Society, a pesquisa destaca as complexidades e nuances da experiência de superdotação.
"A literatura sobre superdotação é vasta, mas há uma falta de compreensão profunda sobre aqueles com QI extremamente alto, os 3DPs", explica Dr. Rodrigues. Ele aponta que a raridade dessa população e os desafios associados ao estudo de suas características únicas deixam lacunas significativas no conhecimento científico.
Aspectos Comportamentais e Educacionais
O estudo revela que, diferentemente do que se poderia esperar, um QI mais elevado não é garantia de maior sucesso acadêmico. "Indivíduos com superdotação profunda enfrentam desafios educacionais mais acentuados, incluindo dificuldades de adaptação a ambientes escolares convencionais e variações de humor mais intensas," afirma Dr. Rodrigues.
De maneira surpreendente, o estudo também encontrou que mães de crianças 3DP costumam promover mais autonomia e aplicar menos pressão por resultados acadêmicos, enquanto crianças 2DP recebem uma pressão maior dos pais, o que pode impulsionar o desempenho acadêmico, mas também fomentar ansiedade e estresse.
Criatividade e Expressão
Outro achado interessante é a forma como a criatividade se manifesta de maneira distinta entre os dois grupos. Enquanto os 2DPs utilizam sua criatividade de forma mais aplicada, resolvendo problemas práticos, os 3DPs exploram ideias mais divergentes e inovadoras, muitas vezes em áreas que não aprenderam formalmente.
Inteligência Emocional e Social
"A inteligência emocional e social dos 3DPs é notavelmente mais refinada, facilitando suas interações sociais e adaptação a diversos contextos", observa Dr. Rodrigues. Essa capacidade elevada de gerenciamento emocional pode também atuar como um fator protetor contra transtornos mentais.
Aspectos Clínicos
Embora a superdotação não seja uma condição patológica, a sensibilidade intensa pode aumentar a vulnerabilidade a problemas como depressão e ansiedade. No entanto, a elevada inteligência emocional nos 3DPs fornece estratégias adaptativas de enfrentamento.
Conclusão
O Dr. Rodrigues enfatiza a importância de pesquisas futuras para explorar as bases neurobiológicas da superdotação e o impacto de fatores genéticos e ambientais no desenvolvimento intelectual e criativo. "Compreender essas dinâmicas é crucial para desenvolver intervenções eficazes que promovam o bem-estar e o desenvolvimento integral desses indivíduos excepcionais," conclui.
Este estudo não apenas aprofunda a compreensão da superdotação em níveis extremos, mas também destaca a necessidade de abordagens educacionais e terapêuticas personalizadas para atender às necessidades específicas dessa população rara e profundamente talentosa.
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