sábado, 9 de novembro de 2024

O Paradoxo do Autodidatismo e a Luta por Inclusão Acadêmica dos Superdotados

Em um mundo que busca incessantemente pela inclusão e diversidade, ainda existe um grupo subestimado e frequentemente ignorado: os superdotados com personalidade autodidata. Essa é uma das principais preocupações do Dr. Fabiano de Abreu Agrela, neurocientista e presidente de sociedades de alto QI, que tem se dedicado a projetos como o “Teacher Coach para Autodidatas” e o “Gifted”, visando promover a pesquisa e o debate sobre as necessidades únicas dos superdotados.

O Cérebro Autodidata: Uma Estrutura Singular

Estudos recentes, compilados e analisados pelo Dr. Fabiano de Abreu, indicam que o comportamento autodidata não é uma simples preferência ou escolha, mas uma expressão enraizada em fatores genéticos e neurobiológicos. O córtex pré-frontal (PFC), região responsável pelo planejamento e controle executivo, é fundamental no processamento das informações complexas e na busca por aprendizado independente. Superdotados frequentemente apresentam uma densidade sináptica mais elevada e uma conectividade funcional aprimorada nessas áreas, o que os torna propensos ao aprendizado autodirigido. Essa característica é intensificada pela atividade no hipocampo, que facilita a consolidação de memórias e a associação de novas informações ao conhecimento pré-existente.

O Dr. Fabiano ressalta que a dopamina, um neurotransmissor-chave, desempenha um papel central na motivação e na busca por desafios intelectuais. “Os superdotados com perfil autodidata possuem um sistema dopaminérgico altamente sensível que sustenta a motivação intrínseca e a recompensa associada à exploração do conhecimento”, explica. Essa propensão, muitas vezes associada ao polimorfismo Val66Met do gene BDNF e variantes do gene COMT, reflete a complexidade do aprendizado autodirigido e a sua ligação com predisposições genéticas.

A Frustração e as Consequências para a Saúde

Infelizmente, os ambientes acadêmicos padronizados, com regras rígidas e currículos inflexíveis, representam um desafio substancial para superdotados com essas características. De acordo com as análises conduzidas pelo Dr. Fabiano de Abreu, essa inadequação pode levar à frustração crônica, que se manifesta em um ciclo de ansiedade, estresse e, em casos mais graves, comprometimento da saúde mental. “O impacto não é apenas psicológico; há uma correlação entre a frustração contínua e sintomas físicos, como distúrbios do sono, dores de cabeça e aumento nos níveis de cortisol”, comenta o Dr. Fabiano.

A necessidade de se adaptar a um sistema que não reconhece suas especificidades empurra esses indivíduos para o isolamento e a introversão guiada, um mecanismo de autopreservação que os distancia ainda mais das interações sociais e do desenvolvimento acadêmico pleno. “O isolamento não é uma escolha, mas uma resposta à falta de estímulo e compreensão por parte dos sistemas que deveriam nutrir suas capacidades”, afirma o neurocientista.

A Inclusão dos Superdotados: Uma Questão de Justiça Cognitiva

Como defensor da causa superdotada, Dr. Fabiano de Abreu Agrela argumenta que é imperativo repensar as práticas educacionais e reconhecer a diversidade cognitiva como um direito fundamental. O projeto “Teacher Coach para Autodidatas” visa capacitar educadores e profissionais para entender e acolher as necessidades de superdotados, permitindo que esses indivíduos se desenvolvam de forma saudável e produtiva.

“A inclusão de superdotados com personalidade autodidata não é apenas uma questão de justiça educacional; é um investimento no potencial transformador dessas mentes que podem contribuir significativamente para a sociedade”, conclui Dr. Fabiano. Para ele, respeitar e valorizar essas diferenças é um passo essencial para criar um ambiente onde a diversidade cognitiva seja celebrada, e não reprimida.

Uma Nova Perspectiva

O trabalho do Dr. Fabiano de Abreu Agrela é uma chamada urgente para que escolas, universidades e políticas públicas reconheçam as complexidades do aprendizado autodidata. Em um tempo em que a inclusão é uma bandeira levantada, não se pode mais ignorar as necessidades dos superdotados, sob pena de perpetuar um sistema educacional que priva a sociedade do talento e da inovação que esses indivíduos podem oferecer.

*Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Neurocientista, Presidente das Sociedades ISI e ePiq, Diretor do IIS e Coordenador do Intertel Brasil

Fabiano de Abreu 
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