domingo, 26 de abril de 2015

Dormir bem passa pela cadeira do dentista

Mais do que um incômodo, as doenças do sono podem representar graves riscos à saúde. Pressão alta, derrames e paradas cardíacas podem ser associadas a problemas na hora de dormir. Um sono tranquilo e saudável pode passar pela cadeira do dentista. 
Existem mais de 80 distúrbios do sono, os mais frequentes são bruxismo, ronco e apneia, quando a pessoa deixa de respirar por algum tempo. Os problemas podem ser facilmente identificados por familiares ou por quem presencie o momento de sono do paciente. Acordar com a sensação de ter dormido mal, sentir muito sono durante o dia, também podem indicar alguma das disfunções. 
Embora seja simples perceber o ronco, o problema muitas vezes não é tratado com seriedade. É o que alerta Eduardo Rollo Duarte, que é especialista em odontologia do sono. “Ronco não é uma coisa normal, é grave, pode aumentar as chances de um AVC (acidente vascular cerebral). Mas nem sempre as pessoas procuram ajuda de um profissional.”
De acordo com Duarte, as vibrações do ronco podem causar lesões em uma artéria chamada carótida, que pode inflamar. Com a inflamação, são produzidos coágulos que com o passar do tempo podem causar o AVC, popularmente chamado de derrame. Já a apneia, pode provocar problemas cardíacos. A interrupção repetitiva da respiração altera o ritmo dos batimentos do coração, fazendo com que ele funcione de maneira errada, podendo causar problemas de pressão alta e paradas cardiorrespiratórias. 
Embora crônicas, as disfunções respiratórias do sono podem ser tratadas. Quando o problema é identificado, o dentista ou mesmo o médico do paciente encaminha o caso para um médico especialista no sono. Na maioria das situações é feita uma polisonografia, um exame que verifica o funcionamento do corpo no momento em que a pessoa está dormindo. Confirmando o diagnóstico de ronco ou apneia, o tratamento é feito com um dentista do sono.
Com acompanhamento profissional, o paciente passa a dormir utilizando um aparelho intra-oral. O instrumento é encaixado nos dentes da pessoa e mantém a boca fechada e os tecidos da garganta abertos, permitindo o fluxo de ar e a respiração pelo nariz. O tratamento melhora a respiração, mas não cura o problema. Duarte compara o aparelho a uma bengala ou um óculos. “Ajuda a realizar a função debilitada, não termina com a causa do problema.”
Também crônico, o bruxismo é mais difícil de ser detectado apenas pelo paciente, mas de fácil diagnóstico pelo dentista. Ainda assim, Duarte aponta que dores na articulação da mandíbula, podem ser indícios da doença e um sinal para procurar ajuda profissional. 
Além de problemas orais e lesões dentárias, o ranger de dentes provoca complicações em diversas partes do corpo. Quando movimenta o maxilar inferior, o corpo tende a movimentar toda a musculatura na tentativa de manter o equilíbrio, o que pode provocar prejudicar ombros e coluna.
A área da cabeça, no entanto, é a mais afetada pelo problema. A pressão exercida sobre a articulação temporomandibular (ATM), afeta a região do ouvido, podendo causar zumbidos e até labirintite, como explica o dentista Cláudio Etzberguer, especialista em doenças do sono. “Muitas vezes o paciente procura o otorrinolaringologista por problemas no ouvido e é encaminhado para o dentista do sono, para tratar de bruxismo.” 
Os problemas físicos não são as únicas consequências da enfermidade. A movimentação da mandíbula também interrompe o ciclo do sono, impedindo que o paciente alcance os estágios de descanso mais profundos. O resultado pode ser o aparecimento de dificuldades cognitivas, de memorização e de aprendizado. Quando dormimos, nosso organismo também produz uma reposição hormonal. Se o processo é atrapalhado, existe uma tendência de aumento do apetite e como consequência, aumento de peso.
O tratamento é feito com a utilização de placas que alinham os dentes, ajudando a aliviar o problema. No entanto, Duarte alerta que a causa da doença precisa ser investigada. O bruxismo pode ser provocado por fatores psicológicos como estresse e depressão, e também pela ingestão de medicamentos, álcool ou uso de drogas como cocaína. Combatendo a causa e acertando o posicionamento dentário, muitos pacientes ficam livres do problema.

Saúde Bucal / Colgate

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