quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Dilma volta a falar em golpe e desafia opositores a achar um malfeito seu

Atualizado às 20h03

São Paulo - Enquanto a oposição tenta emplacar o argumento de que Dilma Rousseff cometeu crime de responsabilidade com as chamadas pedaladas fiscais, a presidente fez nesta quarta-feira, 14, mais um discurso em sua defesa. Sentindo-se à vontade perante uma plateia formada por camponeses organizados pela liderança do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) e que defendeu com fervor sua permanência no comando do governo, Dilma voltou a desafiar seus opositores e defensores de seu impeachment a encontrar um desvio de conduta ou utilização de sua condição de chefe de Estado em benefício próprio. Ela ainda acusou a oposição de apostar no "quanto pior, melhor".
“Jamais utilizei em meu proveito a atividade que exerço como presidente. Nunca encontrarão nada contra mim, jamais cometi malfeito na vida política e pessoal”, disse Dilma, sob aplausos das pessoas que participaram do I Congresso Nacional do MPA.
A presidente foi a São Bernardo do Campo para participar do 1º Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
  
'Golpistas'. Ela ainda reafirmou nesta tarde que as movimentações da oposição para derrubá-la são golpistas. "Nesse exato momento, setores da oposição tentam uma variante de golpe, um golpe disfarçado, um golpe que tem tudo de golpe, cara de golpe, pé de golpe, mão de golpe, mas que tentam passar como sendo manifestação oposicionista. Na verdade, querem um atalho para o poder, querem um atalho para chegar mais rápido em 2018. Nós não vamos permitir que eles golpeiem o mandato que conquistamos na urna com 54 milhões de votos", disse.
Dilma repetiu parte do discurso que havia feito na terça, em congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT), quando inaugurou uma linha de defesa mais enfática de seu governo. Na tarde desta quarta, a presidente adotou abertamente também a defesa do ex-presidente Lula sobre as pedaladas fiscais, alegando que foram um mecanismo para manter os programas sociais essenciais. "As questões das chamadas pedaladas nada mais são do que crítica às formas pelas quais pagamos tanto o Minha Casa, Minha Vida quanto o Bolsa Família", afirmou.
A presidente admitiu que há uma "crise política séria" no País, mas insistiu que a oposição usa argumentos artificiais e faz o jogo do "quanto pior, melhor - melhor pra eles". A estratégia segue o alinhamento do nós contra eles defendida por Lula, que coloca a oposição como defensora da elite e contra o avanço dos mais pobres, com a distribuição de renda e inclusão social promovidas pelos governos petistas. "Eles olham primeiro os interesses deles e depois os do povo. O golpe não é contra mim, mas contra o projeto que eu represento, contra o que fez o Brasil sair da pobreza extrema."
Dilma reforçou que a tentativa de golpe não é apenas contra ela, mas contra a inclusão social que, em sua linha argumentativa, beneficiou todos os setores sociais menos privilegiados ali representados. "É um discurso golpista, contra conquistas históricas dos trabalhadores ao longo de toda a vida desse País. Não se iludam, é contra a reforma agrária sim, contra políticas de sustentação da agricultura familiar, porque eles acham que gastamos muito com subsídios", afirmou. E disse ainda que é também um golpe contra a soberania nacional, contra o sistema de partilha do pré-sal e contra a política de conteúdo nacional.
Segundo Dilma, o discurso da oposição é contra o "mais longo período de distribuição de renda neste País". Ela chamou ainda a movimentação da oposição de "golpe de irresponsabilidade para tentar interromper o curso democrático". "Vamos dar volta por cima na crise e um basta no golpismo", disse ao repetir que o Brasil é "forte para sair da crise".


Estadão

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