domingo, 3 de julho de 2016

De mudar a carreira a ‘sair do armário’, tem coach para tudo

Alguns querem ter mais tempo, outros querem mudar de trabalho ou melhorar o relacionamento. Também tem quem queira emagrecer, aprender a falar em público, lidar melhor com os filhos, dormir bem e até ter coragem de assumir sua homossexualidade. É entre os mais variados desejos e as dificuldades de realizá-los que a profissão de coach (treinador em inglês) tem ganhado espaço. O ofício surgiu há 42 anos, nos Estados Unidos, quando o treinador de campeões do tênis, Tim Gallwey, passou a ser procurado por empresas interessadas em aplicar suas técnicas. No Brasil, começou a aparecer só nos anos 2000 e, nos últimos anos, tem ganhado cada vez mais adeptos, dispostos a pagar em média R$ 5.000 por dez a 12 sessões que os ajudarão a melhorar a performance pessoal ou profissional. Tem pacotes a partir de R$ 2.000, mas o preço, dependendo da experiência, pode chegar a R$ 120 mil.

Paulo Vieira criou um método próprio, chamado Coaching Integral Sistêmico (CIS), especializado em motivação. Juliana Minardi é coach de comunicação e também de meditação. Flávia Adura é especialista em ajudar mulheres a assumirem sua homossexualidade. Todos, não importa o nicho, fazem questão de deixar bem claro que não é nem terapia nem autoajuda. “O coaching não é um curso, é um processo de autoconhecimento, conduzido através de perguntas chamadas de ‘poderosas’, pois serão capazes de levar o indivíduo a refletir e fazer algumas fichas caírem”, explica Juliana Minardi, 32.
O presidente da Federação Brasileira de Coaching Integral Sistêmico (Febracis), Paulo Vieira, ressalta que, enquanto o objetivo da terapia é contornar problemas, o coach se preocupa em levar clareza ao caminho de mudança. “O material da terapia são as dores. O coach trabalha com um plano de ação para fazer com que a pessoa saia do lugar em que está e chegue exatamente onde deseja estar”, explica.
Formado em engenharia, Vieira começou a atuar como coach em 1998. Hoje, com 10,5 mil horas individuais de atendimento, chega a cobrar R$ 120 mil pelo processo. Entre os clientes, está a dupla olímpica de vôlei de praia Larissa e Talita. “A maioria contempla o emocional e o plano de ação. Nós entramos também com a parte da indução cognitiva e uma abordagem emocional para reprogramar crenças. O que adiantaria, por exemplo, as jogadoras de vôlei serem as melhores, se elas não acreditassem ser as melhores?”.

A jornalista Juliana Minardi,32, é coach de comunicação e ajuda pessoas e empresas a desenvolverem habilidades de planejamento. “Às vezes, um empresário tem um grande conhecimento do setor, mas não sabe falar sobre o próprio negócio. Ele precisa se reconhecer primeiro, para encontrar o melhor valor que entregará à sociedade”.

Além de ajudar a arrumar o lado profissional, Juliana é uma das únicas no Brasil a atuar com coaching de meditação. “Nos demais coachings, as pessoas têm um objetivo específico. Na meditação, o propósito é a expansão da consciência. Quando você tem clareza para descobrir mais sobre quem você é, consegue ter uma visão melhor de tudo e tem tranquilidade mental para resolver qualquer situação, seja no trabalho, na família ou nos relacionamentos”, afirma.

A coach Flávia Adura, 29, começou com foco em empreendedores. Mas, no meio de uma palestra de um colega de profissão, teve um clique. “Ele falou: imagina se tivesse um coach para ajudar a sair do armário? E, nesse momento, percebi que aquele era um ótimo nicho. Então criei o Butterfly, voltado para ajudar as mulheres a assumirem sua homossexualidade”, conta. Ela orienta a cliente na parte emocional e a ajuda a explorar a autoaceitação e a revelação para os outros. De dez a 12 sessões custam R$ 3.500.
O Tempo

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