quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Morte e renascimento


Tostão

PUBLICADO EM 09/12/15 - 04h25



Quando comecei a comentar jogos pela televisão, na Bandeirantes, trabalhei em uma das primeiras partidas de Rogério Ceni no São Paulo. O titular era o grande Zetti. Rogério se tornou um dos grandes goleiros da história do futebol brasileiro, talvez o maior ídolo do clube e, certamente, o goleiro mais revolucionário por causa do assombroso número de gols marcados de pênaltis e de faltas.

Rogério Ceni é o goleiro mais habilidoso com os pés que já vi atuar. Ele não tem a altura, a velocidade nem a eficiência para fazer a cobertura dos zagueiros, como o alemão Neuer, mas possui muito mais domínio da bola e do passe. Saber jogar fora do gol é hoje fundamental, pois os zagueiros costumam marcar mais à frente e sobram espaços em suas costas.

Comentei, na TV, uma partida da seleção brasileira em Washington, nos Estados Unidos. Luxemburgo era o treinador, e Rogério Ceni, o goleiro. Na volta ao Brasil, no aeroporto, Rogério se aproximou, batemos um papo, e ele me perguntou sobre o que eu tinha achado de sua atuação. Respondi que tinha sido ótima, como foi. Ele agradeceu.

Fiquei intrigado. Ele me perguntou para ser gentil, diplomático e manter uma boa relação com um comentarista ou era um obsessivo por detalhes, por querer confrontar o que achava e o que eu pensava? Hoje, tenho certeza que Rogério vive na busca da perfeição.

Não sei quais são suas intenções, mas ele tem grandes chances de se tornar um ótimo treinador, diretor-técnico, dirigente, comentarista ou fazer bem qualquer outra atividade, mesmo fora do futebol. Existem características pessoais, como a seriedade profissional e a obsessão por fazer cada dia melhor, que estarão presentes em todas as profissões que exercer. Rogério vai se preparar muito bem para o novo desafio.

Imagino que Rogério Ceni terá enormes dificuldades, constrangimentos, para trabalhar em outro clube, ainda mais se for um rival do estado de São Paulo. Se fizer isso, não será nada errado nem antiético. Quem sabe se torne um dirigente de federação ou da CBF?

Aliás, parabéns ao Bom Senso F. C. pelo protesto feito pelos atletas, antes de várias partidas da última rodada do Brasileirão, contra a permanência de Marco Polo Del Nero na presidência da CBF. Os clubes deveriam se unir e exigir sua saída definitiva. Está na hora de criar a Liga Nacional de Clubes. Infelizmente, a maioria é comprometida.

Falcão, um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro, técnico do Sport, disse, tempos atrás, o que é bastante repetido, que o atleta morre duas vezes, quando encerra a carreira e quando morre de verdade. Não é sempre assim. Lamentei quando tive de parar de jogar, ainda mais com apenas 26 anos, porém renasci na medicina. Durante a vida, morremos e renascemos várias vezes. Rogério Ceni, outra vida te espera. Sorte!

Craque do Brasileirão. Prefiro Jádson como o melhor jogador do Brasileirão, porque, além de marcar com eficiência pela direita, o que nunca tinha feito e que aprendeu com Tite, ele deu passes excepcionais, decisivos, e fez muitos gols para um armador, tudo com extrema delicadeza.

Novos planos

Quem será o novo técnico do Cruzeiro? Deivid e Seedorf são nomes de risco. Deivid deveria se preparar melhor para dirigir um grande time. Seedorf mora na Europa, é caro e não foi bem no Milan, em sua primeira experiência como técnico. Se vier para o Cruzeiro, perde o enorme salário que ainda ganha do time italiano.

Aguirre deve ter gostado do Atlético contra a Chapecoense. Ele terá de corrigir a principal deficiência do time no Brasileirão, a de jogar sempre no risco e de sofrer muitos gols, por causa dos defensores adiantados. Os grandes times europeus atuam dessa forma, mas são preparados para isso. Os defensores são rápidos, e a equipe não deixa o adversário trocar passes e lançar a bola nas costas dos zagueiros.
O Tempo

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