terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Chilena pode ser primeira trans a ganhar o Urso

O Tempo

FESTIVAL DE BERLIM

“Una Mujer Fantástica” compete pelo prêmio máximo da mostra

PUBLICADO EM 14/02/17 - 03h00





BERLIM, ALEMANHA. Dois filmes que tratam de gênero e sexualidade já são os mais aclamados da atual edição do Festival de Berlim, o mais afinado às questões LGBT entre as grandes mostras internacionais de cinema. O drama sobre o amadurecimento amoroso de um adolescente italiano “Call Me By Your Name”, de Luca Guadagnino, é o que tem rendido mais falatório e filas, ainda que não esteja disputando a mostra principal.
Já na competição pelo Urso de Ouro, o chileno “Una Mujer Fantástica” traz a intérprete transexual Daniela Vega em um papel que, já se comenta pelos corredores, pode render a ela o prêmio de melhor atriz do festival.
O drama de Guadagnino fecha o que o diretor italiano descreve como uma trilogia sobre o desejo, composta por “Um Sonho de Amor” (2009) e “A Piscina” (2015). O novo longa traz, como os outros, a mesma tensão erótica entre os personagens; no caso, entre o adolescente europeu Elio (Timothée Chalamet) e o pesquisador norte-americano Oliver (Armie Hammer), homem um pouco mais velho que se hospeda na casa dos pais do garoto por seis semanas em 1983.
O relacionamento entre os dois vai se construindo aos poucos, banhado pelo sol do verão italiano, e descamba para cenas de alta carga sensual entre os dois atores norte-americanos. Uma delas, a mais emblemática, traz um pêssego envolvido, que deve render burburinho quando o filme estrear.
A revista “The Holly- wood Reporter” elogiou a adaptação sensual e sensível do romance homônimo, escrito pelo egípcio-americano Andre Aciman. A “Variety” o comparou ao oscarizável “Moonlight: Sob a Luz do Luar”: transcende a dinâmica do envolvimento homoafetivo.
Cinema chileno. Já “Una Mujer Fantástica” é a segunda incursão de Sebastián Lelio na principal mostra da Berlinale, dois anos após “Gloria” ter ganhado o prêmio do júri, e corrobora a boa fase do cinema chileno. O cineasta Pablo Larraín (“O Clube”, “Jackie”) é produtor do longa.
Na trama, Daniela Vega faz o papel de uma cantora transexual que perde o companheiro, vitimado por um aneurisma, e tem de enfrentar o preconceito da família do ex-amante e a desconfiança da polícia. “A via crucis de sua humilhação passa por um vexatório exame de corpo de delito. Ela sente que sua dignidade está acima de qualquer coisa”, disse a atriz chilena na coletiva de imprensa.
Caso ela leve o Urso de Prata por sua interpretação, esta será a primeira vez que o festival premiará uma transexual – uma escolha política que não seria de se estranhar numa mostra tão politizada.
O Tempo

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