domingo, 12 de fevereiro de 2017

Turista mineiro cancela ida ao Carnaval do Espírito Santo

A crise na segurança pública do Espírito Santo está afastando o mineiro de lá e impactando o setor de turismo dos dois Estados. Mesmo com o anúncio do acordo, na noite de ontem, entre governo do Estado e policiais militares para a volta ao trabalho hoje, o cancelamento dos pacotes de viagem de Minas para as praias capixabas deve ser grande. Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Turismo de Minas Gerais (Sindetur-MG), José Eugênio de Aguiar, esses cancelamentos estavam entre 20% a 30% nas agências de viagens até essa sexta-feira (10).
Isso, segundo Aguiar, deve causar retração de até 15% no faturamento do setor para o período até o Carnaval na comparação com anos anteriores. “Como operador do setor de turismo, eu não indicaria o destino para meus clientes. Minha indicação seria trocar a viagem para outro local”, afirma. Aguiar lembra, porém, que 90% das viagens de Minas para o Espírito Santo neste período não passa pelas agências de viagem. “A maioria das pessoas vai de carro e tem casa na região”, explica.

A estudante de direito Debora Diniz Trindade, 23, viajaria com a a família para Guarapari, mas desistiu. “Achamos muito imprudente ir para lá com essa situação. A casa é da família e já estávamos com as chaves na mão, mas agora não vamos de jeito nenhum”, conta a estudante, que iria de carro para a praia capixaba.

No Espírito Santo, o setor hoteleiro já acumula 30% de cancelamento de reserva, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Espírito Santo (Abih-ES). O presidente da entidade, Gustavo Guimarães, relata que a rede hoteleira está tomando ações para evitar mais prejuízo. “Estamos ampliando o prazo de cancelamento das reservas confiando que a situação vai ser normalizada antes do Carnaval” avalia Guimarães.
As agências de viagem em Belo Horizonte apontam pedidos de cancelamento. “Os passageiros que compraram pacote para passar o Carnaval estão me ligando pedindo cancelamento devido a situação do Estado”, diz Jussara Machado, sócia da Beija Flor Turismo. “Tivemos quatro clientes que solicitaram cancelamento de pacotes, mas estamos conversando, pois não pretendemos cancelar a excursão para o Carnaval, já que temos 120 pacotes vendidos”, afirma Antônio Carlos Souza Matias, proprietário da AC Turismo.
O Sesc-MG informa, via nota, que as quatro excursões no Carnaval para o Estado estão mantidas. “O Sesc informa que está monitorando a situação que envolve a segurança pública no Estado”, diz a entidade.

Vale não tem data para reativar trem de passageiros para Vitória

A Vale não retornou a circular no Espírito Santo com o trem de passageiros da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). Desde a última terça-feira, os vagões não chegam até a capital capixaba, indo de Belo Horizonte até Governador Valadares e voltando para o local de origem. Não há previsão de retorno, e a empresa afirma que está avaliando a situação diariamente.
As companhias aéreas Azul, Latam e Gol não estão cobrando taxas de cancelamento e remarcação para clientes que desistirem de viajar para o Espírito Santo em fevereiro. Porém, o prazo de cancelamento varia de acordo com a empresa. (LP)


NEGÓCIOS

Evento de 25 mil pessoas é fechado

O turismo de negócios da capital capixaba também está sofrendo. A feira internacional do setor de mármore e granito Vitória Stone Fair, que reuniu mais de 25 mil visitantes em sua edição do ano passado e aconteceria entre 14 e 17 de fevereiro, foi cancelada ontem em função da crise de segurança.
“Tivemos que cancelar. A situação da segurança pública no Estado não nos permite realizar o evento”, explica a organizadora do evento, Cecília Milanez. A feira reuniu 420 expositores em 2016 e aguardava, na edição deste ano, empresas de 21 países e mais de cem compradores internacionais. (LP)


PREJUÍZO

Consumidor pode não ser ressarcido

O consumidor que já pagou pacotes turísticos ou adiantamentos para excursões para o Espírito Santo terá que arcar com o prejuízo, na avaliação do coordenador do Procon da Assembleia Legislativa, Marcelo Barbosa. “Não temos um estado de calamidade pública decretado nem pelo município de Vitória, nem pelo governo do Estado. Sendo assim, o ônus é do consumidor que desistir da viagem”, afirma Barbosa.
Ele ainda lembra que, enquanto os serviços continuarem a ser prestados, não é possível que o cliente tenha a devolução do dinheiro. “Os ônibus continuam saindo, os aviões continuam chegando ao destino, por isso não vejo motivação para devolução do dinheiro. As partes devem seguir o que está no contrato sobre cancelamento”, acrescenta.
A agência AC Turismo tem 120 pacotes para o Carnaval de Guarapari, e seu proprietário, Antônio Carlos Souza Matias, diz que muitos dos valores que recebeu já foram repassados para os fornecedores. “Por isso, estamos conversando com os clientes para não cancelarem agora. Espero que a situação se resolva antes”, conta.
Para o coordenador da comissão de direito imobiliário da OAB-MG, Kênio Pereira, um contrato de aluguel de temporada pode ser cancelado, e os valores, ressarcidos. “No Código Civil, tem a figura do caso fortuito e de força maior em que pode-se cancelar um contrato”, diz Pereira. Ele orienta que o locatário notifique o dono do imóvel e solicite o ressarcimento. Caso não aceite, o cliente deve procurar a Justiça. (LP)

O Tempo

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