segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Aonde vamos?

Amadeu Roberto Garrido de Paula

Daria meu reino (se o tivesse) para não escrever estas linhas. 
O crime organizado, segundo a ONU, fatura entre 3 e 4 trilhões, dos quais o narcotráfico 1 trilhão. Impossível, sem conexão com o sistema bancário. 
As repugnantes condições carcerárias do Brasil fomentam a formação de organizações dentro dos próprios presídios. O preso se organiza para sobreviver. O governador Geraldo Alckmin diz que o PCC não existe. "Há coisas que se dizem, outras que não", dizem governantes, mas negar o óbvio é intolerável. 
Crime introduzido nas instituições públicas, na democracia, na economia formal. Criminosos podem ser organizar politicamente. "O crime organizado começa nas favelas e termina em Wall Street", diz o jornalista e escritor Carlos Amorim. 
O Presidente do Panamá, Manuel Oriega, sócio de Pablo Escobar, só foi retirado à força pelos Estados Unidos. A máfia nigeriana, conexão entre as Américas, a Europa e o Oriente, é o grupo que mais cresce no mundo. Vai maconha, cocaína e crack; vem heroína, ópio e morfina. A Nigéria tinha  um setor do aeroporto exclusivo para esse "comércio", protegido por forças militares. 
A face oculta do crime organizado é de cidadãos que vivem no campo da legalidade. O MPF acusa advogados e desembargadores de Boa Vista, onde acabam de se acrescentar ignomínias como as de Manaus, de conceder prisões domiciliares e libertar presos pelo preço médio de R$ 200.000,00. Recentemente o Gaeco, em São Paulo, prendeu 32 advogados, um deles o Presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana da Secretaria da Justiça. Não seria eu a negar o princípio da presunção de inocência e o do devido processo legal processual, ampla e prévia defesa. Nem lhes serão subtraídos pela Justiça Paulista, mas o fenômeno deve ser observado. 
Depois dos mexicanos, os brasileiros são os maiores consumidores de cocaína do mundo. E o primeiro do abominável crack, de consequências devastadoras e irreversíveis. 
O crime organizado tem leis próprias e implacáveis, dentro e fora dos presídios. São estados de delinquentes a desafiar o Estado Político e nele infiltrado. 
Um traficantezinho de bairro, diz o citado jornalista, movimenta 1 milhão por semana. Multiplicam-se e conectam-se pelo mundo. 
PCC e PV se uniram, executaram Jorge Rafat Toumani, chefão paraguaio na fronteira Ponta Porã- Pedro João Caballero, nomearam outro, desentenderam-se e se iniciaram os conflitos nos presídios do Norte e do Centro-Oeste. Para entender um pouco de Manaus e Boa Vista. Por ora... 
Em suma, humanizar presídios é fácil, ante o combate, que parece missão impossível, ao crime organizado. 
Na outra banda deste mundo cinzento, a política. Nada absorveram os povos das lições das duas grandes guerras mundiais. O mundo descamba, com um presidente americano que repudia as alianças, exorta as xenofobias, o protecionismo e admira os déspotas (Martin Wolf, "Financial Times"). Democracia "não liberal" (sic) no leste europeu, o Brexit e não improvável vitória de Marine Le Pen na França.  O policial Putin e sua política expansionista e a China, que não perde oportunidades, elegendo Xi Jing Ping não como "primus inter pares", mas como o "grande comandante" do mundo... 
A imigração forçada de orientais à Europa e tida como concorrência desleal aos nacionais, principalmente em relação à mão-de-obra não qualificada; se todas as guerras foram determinadas por propósitos de conquistas de mercados, a próxima será por mercados de trabalho. Só permanecerão incólumes - e crescerão - os antes inimagináveis mercados do crime.
Amadeu Roberto Garrido de Paulaé Advogado e membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas. 

Esse texto está livre para publicação. Se precisar de  mais informações ou quiser agendar uma entrevista com Amadeu Garrido de Paula entre em contato na  De León Comunicações, 

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