segunda-feira, 18 de abril de 2022

Amazônia Legal concentra 80% das mortes por conflitos no campo no Brasil, segundo relatório da CPT

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançou nesta segunda-feira, 18 de abril, a 36ª edição do caderno Conflitos no Campo Brasil 2021. A atividade aconteceu de forma presencial na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, e foi transmitida pela página da CPT no Facebook e no canal do Youtube.    

Dom Joel Amado, bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, destacou que o acesso à terra, assim como a uma informação real, em contraposição às falsas notícias, são condições essenciais numa verdadeira democracia.  

O bispo de Itacoatiara (AM) e presidente da CPT, Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, chamou a atenção para o aumento dos números levando-se em consideração a série histórica dos dados desde 2012, quando foram registrados 1.396 conflitos, em oposição aos 1768 conflitos do ano passado. Ele reforçou que o relatório é uma forma de a Igreja no Brasil se colocar do lado das famílias vítimas da violência no campo para protegê-las, encorajá-las e cuidá-las. 

O arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, Dom Walmor Azevedo de Oliveira, enviou aos participantes uma mensagem, onde lembrou o desejo do Papa Francisco expresso no encontro com os movimentos sociais: “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos”, reforçando a importância do relatório da CPT. 

Dados dos conflitos no campo em 2021 

De acordo com os dados do Centro de Documentação da CPT – Dom Tomás Balduino (Cedoc/CPT), em 2021, foram registrados 1.768 conflitos no campo em todo o país, envolvendo questões ligadas à terra, à água e aos direitos trabalhistas, um total de 897.335 pessoas. Os dados representam, em média, 4 ocorrências de conflitos no campo por dia. 

Foram registrados 35 assassinatos em conflitos no campo no ano de 2021. Desse total, 80% ocorreram na Amazônia Legal, sendo 28 dos 35 assassinatos registrados no ano passado. Os dados representam um aumento de 75% em relação a 2020, quando foram registrados vinte assassinatos.  

Desses, 11 assassinatos, praticamente um terço, foram no estado de Rondônia, onde ocorreu, também, um massacre no mês de agosto, com três vítimas. Outro massacre foi registrado na região alta do rio Apiauí, em Mucajaí, sul de Roraima, com a morte de três indígenas Moxihatëtëa, que pertencem a um subgrupo Yanomami de denominação Yawaripë. 

O documento também reúne ocorrências relacionadas a disputas por terra na Amazônia Legal, onde foram registradas 641 ocorrências, o que representa 49,49% dos conflitos registrados no país. No mesmo período, foram registrados 124 conflitos relacionados à água (40,78%) e 54 casos de trabalho escravo (31,95%). A mineração e o agronegócio foram apontados como um dos principais responsáveis pelas ocorrências. 

Nas violências contra ocupação e a posse, os assassinatos de sem-terras e mortes em consequência disparam em 2021. Os estados que compõem a Amazônia Legal concentraram 77,9% das famílias afetadas pelo desmatamento ilegal; 87,2% das famílias afetadas por expulsão; 81,3% das famílias afetadas por grilagem; e 82,2% das famílias afetadas por invasões.  


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