quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Poesia mineira em destaque

Terra de grandes escritores e grandes poetas, como Adélia Prado, Carlos Drummond de Andrade e Guimarães Rosa, Minas Gerais sempre teve papel de destaque na produção literária brasileira. E, mais uma vez, os mineiros têm motivo para se orgulhar e festejar a literatura feita por aqui. O Estado está representado na lista dos semifinalistas do Prêmio Oceanos de Literatura 2016 com “O Livro das Semelhanças”, da poeta belo-horizontina Ana Martins Marques.
Nesta, que foi a primeira etapa, o Júri de Avaliação formado por 42 especialistas em literatura, entre poetas, escritores, professores e críticos literários, classificou os títulos que passam para a fase seguinte: 18 são livros de poesia, 25 romances, seis de contos e um de crônicas. No dia 18 de novembro, sai os dez finalistas. Por fim, o Júri Final escolhe, no dia 6 de dezembro, os quatro vencedores. O primeiro colocado receberá R$ 100 mil, R$ 60 mil o segundo, R$ 40 mil o terceiro e R$ 30 mil o quarto colocado. “O Livro das Semelhanças”, lançado pela Companhia das Letras em 2015, está na categoria poesia.
Em sua segunda edição, o prêmio Oceanos reconhece as melhores obras de escritores lusófonos publicadas no Brasil. Livros publicados nos demais países lusófonos puderam concorrer desde que tivessem sido lançados originalmente entre 2012 e 2015 e publicados no ano passado por editora brasileira ou sediada no Brasil. “É uma grande alegria estar entre os finalistas do Prêmio Oceanos, ao lado de tantos escritores que admiro. É uma alegria, entre outras coisas, porque é um prêmio aberto a todos os países de língua portuguesa. Acho muito interessante que haja um prêmio em que se encontram livros estrangeiros entre si, mas que compartilham uma língua comum, com seus cruzamentos, sotaques, variações, diferenças”, destaca Ana Martins, 38.
Concorrente. Sobre “O Livro das Semelhanças” diz ser difícil definí-lo. “É sempre difícil definir a própria obra, e ainda mais quando se trata de um livro de poemas, que sempre é, como diz o poeta português Ruy Belo num prefácio, ‘um lugar de convívio’, um local onde os poemas reagem uns contra os outros, se criticam mutuamente, se transformam uns nos outros”, explica.
A obra é dividida em quatro partes, definidas por linhas temáticas. A primeira se volta para o próprio livro e seus elementos, a segunda parte, de acordo com a escritora, reúne poemas que giram em torno de mapas e lugares; a terceira seção, intitulada “Visitas ao Lugar-Comum”, joga com certas expressões idiomáticas, como ‘quebrar promessas’, ‘pagar para ver’, muitas vezes tomando-as literalmente. E a quarta, de acordo com Ana Martins, é a menos ‘temática’ e reúne poemas que focam no amor e na memória, na percepção de relações e semelhanças, mas também de diferenças e fraturas entre as coisas e as palavras.
Transformação. Este ano, o prêmio contemplou publicações em modelos digitais e artesanais. A escritora diz que, embora se sinta presa ao livro de papel, acredita na importância de se observar as transformações.

“Acho que a poesia, por sua tendência à concisão, à imagem, presta-se bem aos formatos eletrônicos, talvez melhor do que os outros gêneros. Como leitora, não consegui ainda aderir com muito entusiasmo ao e-book, embora leia bastante poesia na rede. O fato é que vivemos um momento de transformação radical nas formas de circulação dos textos e nos modos de escrita e de leitura, e me parece importante que um prêmio como o Oceanos procure acompanhar essas transformações editoriais”, conclui Ana Martins, formada pela UFMG e que, em 2009, lançou seu primeiro livro, “A Vida Submarina”.
O Tempo

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