“Tá com dólar, tá com Deus”, já previa a canção da banda brasileira Francisco El Hombre. No último dia 5, o dólar comercial atingiu mesmo as alturas: foi vendido a R$ 3,934 — seu maior valor desde março de 2016 (R$ 3,941). O dólar turismo, que tem cotação mais cara, chegou a R$ 4,15 nas casas de câmbio brasileiras. E quem sofre é o turista que se prepara para curtir as férias no exterior.
O publicitário Diego Marques, 36, vai viajar para a Califórnia (EUA) com a namorada, Caroline, no final de agosto. As passagens foram compradas ainda em janeiro, e, desde abril, já fizeram quatro compras da moeda estrangeira com amigos. Nesse caso, ele observa que sempre confere se as notas estão “utilizáveis”. Vale lembrar que cédulas antigas ou rasgadas podem não ser aceitas no país de destino.
Segundo Marques, a ideia é levar todo o dinheiro da viagem em espécie, comprando a moeda aos poucos, e evitar ao máximo o uso do cartão de crédito no exterior. Com gastos com alimentação, transporte e entradas em atrações, ele estima que o casal deve desembolsar cerca de US$ 4 000. Além do voo, Marques e Caroline já sairão do Brasil com o hotel pago. O plano deles é alugar um carro e percorrer em 20 dias a famosa estrada de Big Sur, que foi reaberta recentemente, até a cidade de Las Vegas.
Adquirir a moeda com antecedência e evitar o uso do cartão de crédito é justamente a orientação de especialistas do setor de turismo para aliviar no bolso os efeitos da alta do dólar. Segundo Andrea Panisset, gerente de marketing da Belvitur, não existe uma expectativa de retração da moeda. “É um momento de câmbio flutuante, e a perspectiva é que o dólar e o euro fiquem altos até as eleições. Não conseguimos vislumbrar uma queda que justifique aguardar a compra para depois, perto da data de embarque”, explica.
Andrea esclarece que, neste momento, a principal recomendação é evitar o uso do cartão de crédito no exterior. “Pode ser uma surpresa desagradável: na semana de fechamento da fatura, o dólar pode estar ainda mais alto”, explica.
Uma boa alternativa para fugir da diferença cambial, segundo ela, é o cartão pré-pago. Você determina o valor que pretende gastar e o utiliza já dentro do orçamento estipulado.
E, por mais tentador que lhe pareça, comprar moeda estrangeira “exótica” no próprio país é sempre um negócio de desvantagem. Panisset diz que o recomendado é levar uma moeda forte, como dólar ou euro, a fim de fazer o câmbio somente no exterior. Mesmo com a conversão dupla, costuma compensar financeiramente. “Com a viagem marcada para o exterior, tem que ir aproveitar mesmo. Mas quanto mais planejado, melhor”, considera.
O Tempo
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