quinta-feira, 27 de abril de 2017

Cientistas criam útero artificial para ajudar bebês prematuros

O Tempo

MEDICINA

Sistema conseguiu simular o ambiente do órgão e as funções da placenta

PUBLICADO EM 27/04/17 - 03h00





PARIS, FRANÇA. Um útero artificial preenchido com líquido transparente, testado com sucesso em cordeiros, pode ajudar bebês extremamente prematuros a evitar a morte ou deficiências, disseram pesquisadores nesta semana. O órgão artificial “é projetado para dar continuidade ao que ocorre naturalmente no útero”, disse Alan Flake, cirurgião fetal do Hospital Infantil da Filadélfia, nos EUA, e autor sênior da pesquisa publicada na revista “Nature Communications”.
“Estou otimista de que vamos melhorar o que se faz atualmente para bebês extremamente prematuros”, disse Flake a jornalistas.
Hoje, as crianças nascidas na 22ª ou na 23ª semanas de gestação, em vez da 40ª, têm uma chance de 50% de viver, e, para aquelas que sobrevivem, há uma chance de 90% de graves problemas de saúde. O novo sistema imita a vida no útero e poderia, se aprovado para o uso humano, melhorar essas probabilidades.Os pesquisadores estão trabalhando com a agência de alimentos e medicamentos do país (FDA, na sigla em inglês) para preparar testes em humanos, que poderiam começar dentro de três anos.
O feto fica em uma bolsa de plástico transparente com um líquido amniótico sintético. “Um ambiente fluido é fundamental para o desenvolvimento fetal”, disse Flake.
Minutos após nascer, o cordeiro foi colocado na bolsa, e seu cordão umbilical foi conectado a uma máquina externa que remove CO2 e adiciona oxigênio ao sangue. Não há bombas mecânicas – é o coração do feto que mantém as coisas em movimento.
“Uma das principais vantagens do nosso sistema é evitar a insuficiência cardíaca, que vem do desequilíbrio dos fluxos sanguíneos criados com circuitos de bomba”, disse o coautor Marcus Davey, pesquisador do Centro de Pesquisa Fetal do hospital e engenheiro líder do projeto.
Os pesquisadores testaram seis cordeiros prematuros transferidos do útero de suas mães para o dispositivo entre 105 e 112 dias de gestação – o equivalente a 23 ou 24 semanas em humanos. Eles ficaram nos úteros artificiais por até 28 dias.
Em humanos, o período de alto risco para bebês prematuros é de 22 a 27 semanas. “Em 28 semanas, você está em um ponto em que a mortalidade da prematuridade acaba”, disse Flake.
Enquanto estavam nos aparelhos, “os cordeiros mostraram respiração e deglutição normais, abriram os olhos, sua lã cresceu, tornaram-se ativos e tiveram crescimento, função neurológica e maturação de órgãos normais”, ressaltou.
Se os testes da FDA forem realizados, poderia levar mais três a cinco anos para os dispositivos estarem em uso.


FLASH

Número. A prematuridade é considerada quando o bebê nasce antes de ter completado 37 semanas de gestação. No Brasil, 340 mil bebês nascem prematuros por ano.


Alto risco de problemas

PARIS. Os tratamentos disponíveis atualmente para bebês prematuros reduziram o limite de sobrevivência para 22 ou 23 semanas, mas têm um custo alto. Além de uma alta taxa de mortalidade, os pequenos pulmões e corações são mal equipados para suportar o trauma de intubação, ventiladores e bombas artificiais.
Bebês extremamente prematuros que sobrevivem muitas vezes têm infecções pulmonares crônicas e outros graves problemas de saúde.
O Tempo


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