segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Experiências de vida e de arte de Domingas Alvim

Domingas Alvim está de malas prontas. Ainda neste mês, ela embarca para Lisboa, onde pretende residir pelos próximos dois anos, período no qual quer se dedicar exclusivamente às artes. “Claro que, em primeiro lugar, a literatura. Mas também estou fazendo incursões pelo mundo das imagens em movimento, vídeos-poemas etc”, conta a moça que, nascida em Angra dos Reis, estava radicada na capital mineira há seis anos – aliás, tempo suficiente para fazer dela uma “carieira”. “Costumo dizer que meu coração é assim, uma mistura de carioca com mineiro”, brinca.

Tendo se enveredado pelos territórios da escrita desde cedo, a também professora de literatura lançou, recentemente, seu terceiro livro, “Viver é Meu Vício”, desta vez, uma coletânea de crônicas na qual recria a experiência do viver a partir de pequenas cenas do cotidiano.

“O fio condutor do livro é a vida, daí o título. É o viver em suas muitas possibilidades. A maioria das crônicas falam sobre coisas do cotidiano, daquele mínimo que automatizamos e acabamos perdendo do olhar. Aquelas importâncias sutis que, apesar de serem pequenas faíscas, se ficarmos atentos, podem brilhar mais que estrelas. Enfim, falo sobre sentimentos, humanidade, relacionamento, angústias, medo, superação, respeito, amizade, morte, família...”, lista ela, que compara a obra a uma composição, para a qual selecionou escritos de vários momentos de sua vida (passados em cidades ou países como Rio, Petrópolis, EUA e Chile). “Até para mostrar que o viver é apenas uma passagem de nós mesmos pelos trilhos da vida”.

Escritos. Domingas destaca, por exemplo, a crônica “Sobe Aqui Que Eu Te Levo”, inspirada em seu irmão caçula. “Teci uma espécie de paisagem sobre nossos encontros e desencontros, para dizer que, assim como na infância, quando, com a minha bicicleta, ia buscá-lo na escola, a minha garupa sempre estará a postos, quando ele precisar”, diz.

Já “Queda-livre”, ela diz ser um pouco uma “não-crônica”, por ter um je ne sais quoi poético. “Fala sobre um ‘pular e se jogar sem medo’, pois, afinal, para viver, é preciso coragem”, conta. Por último, mas não menos importante. As questões femininas também norteiam a escrita de Domingas. “Esse empoderamento feminino nada mais é do que dar à mulher a liberdade para fazer suas próprias escolhas; e ter seus direitos respeitados. Precisamos falar sobre feminismo, palavra que, ao contrário do que se disseminou por aí, não quer dizer ‘ódio aos homens’. Longe disso. Feminismo é uma palavra que quer dizer: ‘direitos sociais, políticos e econômicos iguais aos dos homens para as mulheres’”, conclui.
O Tempo

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