quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Ossos encontrados em Roma reavivam enigma das relíquias de São Pedro

O TEMPO
HISTÓRIA RELIGIOSA

Relicário foi achado na igreja Santa Maria em Cappella

PUBLICADO EM 07/09/17 - 03h00




ROMA, ITÁLIA. Fragmentos de ossos e inscrições com o nome de São Pedro foram encontrados numa pequena igreja medieval no coração da capital italiana, abrindo mais um capítulo em torno do mistério milenar sobre as relíquias do primeiro papa da Igreja Católica.

A descoberta aconteceu há alguns meses, durante obras de restauração da igreja Santa Maria em Cappella, no bairro de Trastevere. Um dos operários notou que uma pedra que cobria o altar havia sido deslocada e resolveu investigar.

“Temia que ladrões tivessem tentado roubá-la e, ao me aproximar, vi uma cavidade dentro do altar com pequenos recipientes de cerâmica”, contou à AFP o historiador Massimiliano Floridi, que acompanhava a obra e testemunhou a descoberta.

“Nos recipientes estavam escritos os nomes dos primeiros papas: São Pedro, São Félix e São Calisto. Não sou arqueólogo, mas entendi que eram muito antigos”, disse.

Ao abrir os recipientes, Floridi encontrou fragmentos de ossos. Eles foram colocados em outros frascos e enviados ao vicariato de Roma para análises futuras. Ainda não há dados sobre a datação dos ossos, nem mesmo se são humanos, o que impede qualquer afirmação sobre a sua origem, mas a descoberta reabre o debate sobre o fundador da Igreja Católica.

Segundo a tradição, os restos de São Pedro estão conservados na Basílica de São Pedro, no Vaticano, mas sua autenticidade nunca foi certificada.

Na nova descoberta, vários indícios chamam a atenção de especialistas, como a existência de uma inscrição na estrada da igreja Santa Maria em Cappella, segundo a qual ela abrigaria relíquias importantes, incluindo os nomes de São Pedro, São Félix e São Calisto, além dos mártires Hipólito de Roma e Anastácia de Sirmio.

“Encontramos os mesmos nomes nas tampas de chumbo que cobriam os recipientes, em placas de ferro dentro do altar e na entrada da igreja, numa epígrafe que data da sua fundação”, explicou Cristiano Mengarelli, arqueólogo que supervisionou a descoberta. Mas é legítimo duvidar da autenticidade, já que o relicário pode ter sido aberto em várias ocasiões ao longo dos séculos.
Betsaida. A cidade romana perdida de Julias, descrita na Bíblia como o local de nascimento dos apóstolos Pedro, André e Filipe, pode ter sido descoberta após décadas de escavações na região do Vale do Jordão.

A existência de uma casa de banho no estilo romano o que indica a existência de uma pólis no local.

Capela teria sido ‘escape’ para papa

Propriedade da família Doria Pamphilj, uma das mais nobres e antigas da Itália, a igreja Santa Maria em Cappella, localizada no bairro de Trastevere, foi consagrada em 1090 pelo papa Urbano II.

Naquela época, a Igreja Católica passava por um momento de cisão, provocado pela Questão das Investiduras, uma disputa entre a instituição e o imperador Henrique IV.

Junto com Urbano II existia o papa Clemente III, conhecido como antipapa, imposto por Henrique IV, não reconhecido pela Igreja.

Com os fragmentos de ossos encontrados na matriz de Santa Maria, os historiadores especulam que a pequena igreja de Trastevere possa ter sido usada como capela pelo papa Urbano II, já que Roma era controlada por Henrique IV e o antipapa Clemente III.

Dessa forma, as relíquias poderiam ter sido transportadas para lá. Elas seriam, portanto, adicionais a aquelas conservadas na Basílica de São Pedro.
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