terça-feira, 14 de março de 2017

Diversidade que dura 35 anos

Há 35 anos, quando os atores Teuda Bara, Eduardo Moreira, Wanda Fernandes e Antônio Edson se encontraram nas oficinas de teatro dos alemães Kurt Bildstein e George Froscher, no Festival de Inverno de Diamantina, e decidiram formar um grupo, talvez ainda não soubessem que estavam começando a construir a trajetória de uma das companhias mais reconhecidas e premiadas do país.
Para celebrar essa trajetória, o Galpão ganha homenagem na 29ª edição carioca do Prêmio Shell de Teatro, em cerimônia na noite desta terça-feira (14) no Copacabana Palace. Os atores Eduardo Moreira, Inês Peixoto, Teuda Bara e Lydia Del Picchia estarão presentes.
“Esse prêmio é muito significativo para um grupo como o nosso que é formado por um coletivo atuante. Nada mais bonito do que receber algo para todo mundo, incluindo, quem está à frente e atrás da cena”, relata Inês. Ela conta que, como os 12 integrantes do Galpão não poderão estar presentes, foram escolhidos quatro atores para representar todos os integrantes. “Foi uma questão de saber quem poderia ir ou não, mas vamos receber o prêmio por todos”, reforça a atriz.
Inês, que está no grupo há 25 anos, acredita que são os exercícios de generosidade que fazem com que o Galpão atravesse os anos, superando os desafios peculiares a quem luta por fazer arte no Brasil, especialmente teatro. “Somos um coletivo que contempla a diversidade. Sabemos que cada um dos artistas têm algo para mostrar”, analisa a atriz, completando: “Somos um grupo formado por atores. Como não temos um diretor, sempre trabalhamos com pessoas diferentes que trazem coisas novas. Somadas às nossas experiências, isso nos instiga a fazer o melhor”, afirma ela.
Três décadas e meia depois, o Galpão se mantém na estrada e com um repertório amplo, que já soma 23 espetáculos. Tudo isso graças ao princípio que norteia o grupo desde seus primórdios: o de ser um coletivo que persegue um projeto comum. A não existência da figura central de um diretor aliada ao espírito coletivo faz com que o Galpão prime pela diversidade. “Nós fazemos teatro de palco, de rua... Temos diversidade nas ações e ao longo dos anos construímos um fazer teatral muito sólido”, comenta Inês.
De acordo com ela, a programação pelos 35 anos do grupo ainda não está completamente definida, mas ela diz que serão revisitados alguns espetáculos que marcaram a trajetória do grupo com apresentações em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Vamos divulgar essa agenda posteriormente, mas as festas vão durar o ano inteiro”, garante a atriz.
Mais Minas. Além do Galpão, outra mineira é destaque na cerimônia do prêmio Shell de teatro, nesta noite, no Rio.
Grace Passô disputa o prêmio na categoria de melhor autor pelo monólogo “Vaga Carne”.


ESPETÁCULO

‘Nós’ será encenado no fim de semana

Apesar de não estar oficialmente na programação de comemoração pelos 35 anos, o espetáculo “Nós” (2016), que será encenado na sexta (17) e no sábado (18), às 21h, e no domingo (19), às 19h, já é uma prévia do que vai ser lançado por aí. A montagem poderá ser vista no Galpão Cine Horto, e os ingressos custam entre R$ 20 e R$ 50.
“Vamos apresentá-lo em São Paulo, em um espaço cultural um pouco improvisado. Por isso, decidimos dar uma esquentada no espetáculo”, explica o ator Eduardo Moreira.

Dirigidos por Márcio Abreu, Eduardo Moreira se junta a Antonio Edson, Beto Franco, Júlio Maciel, Lydia Del Picchia, Paulo André e Teuda Bara e, durante uma hora e meia, se aglomeram em torno de uma mesa para o preparo de uma sopa. O cenário é pano de fundo para discussões do mundo contemporâneo cercado de intolerância, violência e da convivência com a diferença. “O espetáculo é essencialmente político e, por isso, marca o presente”, diz. (LM)

O Tempo

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