quarta-feira, 15 de março de 2017

Computador quântico estará nas empresas em até dez anos

Uma grande novidade para o mundo da computação está a caminho: a norte-americana IBM está desenvolvendo o primeiro computador quântico universal voltado para empresas e planeja colocar a máquina no mercado em um prazo de cinco a dez anos. Para residências, não há previsão. A computação quântica já é conhecida há décadas, e já existem equipamentos em funcionamento no mundo, mas o sistema ainda não está aberto ao mundo corporativo, como a IBM pretende.

O computador quântico serve para produzir conhecimentos de grande complexidade, que nunca seriam alcançados por computadores clássicos, por mais que se desenvolvam. O equipamento físico fica em um laboratório da IBM nos Estados Unidos e, atualmente, só pode ser utilizado por pesquisadores, professores e estudantes de diversas áreas de conhecimento. O acesso é virtual, sem a necessidade de instalar o equipamento em casa ou no escritório.

A nova versão é chamada de “universal” porque estará aberta a qualquer empresa que pague para utilizar o serviço. Assim como acontece com os pesquisadores, as companhias terão acesso remoto, sem a necessidade de instalação de máquinas que demandariam um espaço enorme.

E no que isso pode impactar a vida das pessoas comuns? As futuras aplicações para computação quântica podem influenciar, por exemplo, na medicina, ao desvendar a complexidade das moléculas e das relações químicas e levar à descoberta de novos medicamentos e tratamentos. Outra área que pode ser contemplada é a financeira. O equipamento pode ser usado para encontrar novos meios de análise dos dados econômicos e de fatores de risco para avaliar um investimento, por exemplo.

Até a inteligência artifical pode ser revolucionada, já que o computador quântico permite que sistemas inteligentes aprendam de forma ainda mais rápida podendo consultar imagens e vídeos. Esses são apenas alguns exemplos, já que as possibilidades são quase infinitas.

De acordo com o diretor do laboratório de pesquisas da IBM Brasil, Ulisses Mello, um dos principais objetivos é alcançar tudo o que a computação quântica pode oferecer em um tempo não tão longo. “Quando planejamos desenvolver o primeiro computador quântico universal temos como visão substituir os aparelhos convencionais, que são limitados demais para as demandas do mundo inteiro, atualmente. Há anos vínhamos buscando uma alternativa, e a computação quântica se revelou uma das grandes possibilidades, permitindo fazer coisas que não pensávamos antes. Queremos fazer uso dela comercialmente para as empresas no prazo entre cinco e dez anos”, afirma Mello.

Códigos. Mas, afinal, qual a grande diferença entre o computador quântico e o computador usado dentro de casa? O professor de arquitetura de computadores e nanocomputação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Omar Paranaíba responde. “Um aparelho clássico codifica a informação, que chamamos de “bit” (um valor lógico), usando a lógica binária 0 ou 1. Ou ele será 0 ou será 1, não há mudança. Já o “tu-bit”, como é chamado o valor lógico do quântico, pode ser qualquer um deles ou ambos ao mesmo tempo. O que o torna especial é que ele codifica todas as possibilidades possíveis, tendo uma capacidade paralela de assumir valores diferentes, e, assim, assume mais funções ao mesmo tempo”, explica Paranaíba.
Restrito. Em maio de 2015, a empresa lançou o IBM Quantum Experience, que oferece acesso online a um computador quântico, e, desde então, ele tem sido usado para milhares de experimentos.

No cotidiano, é melhor usar o PC

O superpoderoso computador quântico não é melhor do que o PC convencional em todos os aspectos. Para tarefas básicas, como assistir a um vídeo ou navegar na internet, a computação quântica, na verdade, pode ser mais lenta. “O quântico não é melhor em tudo. Para atuar em casos simples, por exemplo, como questões do cotidiano, o computador clássico é o mais indicado, porque eles trabalham com lógicas matemáticas diferentes. Para os princípios quânticos funcionarem, eles precisam ser controlados o mínimo possível”, diz o professor de arquitetura de computadores e nanocomputação da UFMG, Omar Paranaíba.

De acordo com o diretor do laboratório de pesquisas da IBM Brasil, Ulisses Mello, para que a computação quântica chegue às residências é preciso desenvolver aplicativos para adequar o uso. “Tudo vai depender da criatividade e do desenvolvimento das aplicações. Por isso a IBM abre várias portas em universidades para incentivar que alguém possa desenvolver algum aplicativo para mobile ou PC convencional que permita que todas as pessoas tenham acesso, de dentro de casa, a esse computador quântico sem precisar de nenhum outro aparelho”, diz.

Os especialistas afirmam que como computador pessoal, o quântico seria mais lento do que o tradicional para as atividades mais comuns. “Eles realmente mostram seu poder em tarefas que demandam extrema capacidade de processamento, como inteligência artificial, condições climáticas, análise de DNA e outros. Quanto mais complexa a tarefa, melhor um computador quântico se sai. Essa, no entanto, não é a realidade das demandas do dia a dia da sociedade em geral”, diz Omar.
O Tempo


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