quinta-feira, 23 de março de 2017

Relação afetiva é a chave para o prazer sexual, diz pesquisa

MÉTODO

Estudo mostrou que sexo e felicidade dependem de gestos e carinhos

PUBLICADO EM 23/03/17 - 03h00


THUANY MOTTA

Apenas praticar sexo, mesmo que regularmente, não garante a verdadeira realização sexual. Carícias, gestos, toques e olhares trocados entre os parceiros são os responsáveis pela sensação de felicidade e satisfação em sentido geral, revela um estudo feito pela Universidade de Toronto, no Canadá e publicado na revista norte-americana “Personality and Social Psychology Bulletin”.
Os pesquisadores avaliaram a correlação entre o sexo e o bem-estar com pessoas que tinham algum relacionamento amoroso. Foram entrevistadas 335 pessoas casadas e outras 148 comprometidas. Ambos os grupos mostraram que a prática constante de sexo oferece uma maior satisfação na vida. Contudo, a associação entre sexo e felicidade no sentido geral era dependente de gestos e carinhos, apontando que os entrevistados levaram em conta a prática de carícias antes, durante e depois. Isso mostrou que a associação entre a frequência sexual e a satisfação na vida era insignificante. Vale ressaltar que os resultados não consideraram a idade dos participantes, o tempo de relacionamento ou o status amoroso. Essa conclusão apoia o fato de que o afeto na hora do sexo – fator que já foi constatado como grande fornecedor de bem-estar psicológico em outra pesquisa – é a chave para o prazer em sua plenitude.
O resultado da pesquisa é endossado pela psicóloga Sônia Eustáquia, especialista em sexualidade humana. Ela afirma que o ato em si oferece muito pouco para a realização humana. “É como se nascêssemos incompletos, e, quando encontramos alguém, há um desfecho, uma conclusão. Nesse relacionamento, é saudável e natural que haja a troca de confiança, de segurança, que podem ser transmitidas também durante o sexo, seja na forma de beijo, de abraço, de olhar, de contato físico”, explica ela.
Natural. O psiquiatra Marco Túlio Aquino, membro do Comitê de Especialidades da Unimed, também enfatiza a importância dessa correspondência afetiva. “A expressão da afetividade e dos vínculos é inerente ao ser humano, e essa necessidade também existe durante o sexo, indo além das questões instintivas e biológicas. O segredo para relacionamentos duradouros é justamente uma sexualidade prazerosa que ofereça um vínculo afetivo”, afirma.
O especialista ainda ressalta que a neurociência tem feito avanços importantes nessa área. Uma delas é a descoberta de neurotransmissores que são ativados durante a relação sexual e que estão associados ao desenvolvimento das relações entre as pessoas.
Por fim, além da partilha de gestos e carícias que envolvem confiança, segurança e intimidade, o psiquiatra aponta outros fatores importantes. “Nossas cognições estão voltadas, em muitos aspectos, para o sexo. Nesse sentido, o comportamento sexual, geralmente, é uma busca por gratificação, que não deve causar sofrimento e nem estar associado a nenhum tipo de ansiedade. Isso tudo é um indicativo de normalidade, de um bom exercício de sua sexualidade”, afirma Aquino.
Desde sempre
Registro. O psiquiatra Marco Túlio Aquino diz que o sexo é um tema abordado desde os primórdios. “Há registros de que alguns povos primitivos já buscavam tratar da sexualidade”, afirma.


FLASH

Contato. A psicóloga Sônia Eustáquia explica que as pessoas nascem com uma “expressão afetiva com os outros, que acontece por toda nossa vida”. “Na fase sexual genital, essa necessidade ainda se reflete, mas nas carícias, no contato pele com pele”, diz.


CONCLUSÃO

Estados emocionais e sexuais são ligados

A pesquisa também constatou que nos dias em que as pessoas fazem sexo, elas experimentam mais momentos afetivos e emoções positivas logo após as relações e nas horas posteriores. O estudo acompanhou, por seis meses, 106 casais que tinham filhos menores de oito anos, dos quais 88% eram casados. Eles anotaram diariamente, seus estados emocionais e sexuais.
Essas informações diárias concluíram que, nos dias em que os casais faziam sexo, havia uma maior experimentação de boas sensações. “Ainda conseguimos mostrar que o sexo promove emoções positivas, mas elas não aumentam, necessariamente, a vontade de fazer sexo. Isso indica que as pessoas parecem se sentir bem quando praticam, mas não que praticam por se sentirem bem”, afirma um dos coautores, Akid Debrot. (TM)
O Tempo

Nenhum comentário:

Postar um comentário