sábado, 6 de maio de 2017

Emocional deve ser superado para encarar o desemprego


O grande desafio de um contingente de 14 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE, é sair do desemprego sem perder a estabilidade financeira – e a cabeça – no processo. Segundo especialistas em educação financeira, é possível. Mas é preciso focar não só nas contas, e considerar também o emocional. “Para mim, o mais importante, que pouca gente fala, é o lado comportamental. Não é um momento fácil, mas todo mundo passa por isso. Tem-se que avaliar o modelo de pensamento, superar o sentimento de fracasso e partir para a ação de verdade para alcançar o resultado”, aconselha o youtuber de finanças Thiago Nigro, responsável pelo canal Primo Rico.

“É um processo de autoconhecimento. As emoções interferem muito na forma como as pessoas lidam com o dinheiro. A gente tem que lembrar que por trás de uma planilha financeira tem uma pessoa”, acrescenta a jornalista Nathalia Arcuri, que também dá dicas financeiras nas redes sociais pelo canal Me Poupe!.

A atitude positiva ajudou a administradora Cleia Ferreira, 28, a superar a perda do emprego. “Fiquei desempregada em 2016 e vi como saída fazer freelance como garçonete, que no momento tinha vaga”, conta. Hoje Cleia está novamente empregada em sua área de atuação, mas os “freelas” ajudaram nas contas. “Sim, foi importante, ajudou a me manter e a ter outra profissão”, afirma.

O mecânico de carros Sergio Sapede Neto, 24, também buscou uma saída diante da demissão, que aconteceu em novembro do ano passado. Junto com um amigo, Gabriel Araújo, 25, que foi demitido da mesma concessionária onde ambos trabalhavam, abriu a Automotive Care, uma empresa de lavagem de carros ecológica. “Já pensava em empreender antes, e aproveitei a oportunidade. Eu fico na parte mais técnica, e meu sócio, que é formado em administração, fica com a gestão”, conta. Sergio usou parte do acerto e do FGTS para investir na empresa.

Para os youtubers, jovens como Cleia e Sergio devem aproveitar o momento para investir na empregabilidade. “Quem está no início de carreira deve investir em si próprio, em educação, cursos técnicos, fazer um intercâmbio ou investir em uma segunda língua. São ações que abrem portas”, avalia Nathalia Arcuri. Entre os objetivos de Cleia, está atuar com logística. “Depois que o mercado se aquecer, quero atuar com logística porque fiz uma especialização”, diz.

A youtuber também indica capacitação para os profissionais mais maduros. “Mesmo para quem estava numa posição mais estável no mercado, com salário maior, cursos de atualização podem ser fundamentais para mostrar que a pessoa está antenada com o mercado”, ensina.

DICA

Pagar as dívidas é o primeiro passo

Diante da demissão, o youtuber Thiago Nigro, do canal Primo Rico, aconselha que o primeiro passo é usar o acerto para diminuir as dívidas. “A prioridade é se livrar das dívidas mais caras, como cartão de crédito, cheque especial. Depois, tem que analisar a quantia disponível. A pessoa deve separar um fundo de emergência que garanta seis meses de seu custo mensal. Ela vai sobreviver com esse dinheiro. Dívidas com juros menores, como financiamento imobiliário, podem ser roladas, dependendo da avaliação”, explica.

Nathalia Arcuri, do canal Me Poupe!, também aconselha que o fundo de emergência seja feito, e alerta: “O ideal é que todo mundo tenha esse fundo de emergência, que deve ser feito enquanto a pessoa ainda está empregada, justamente para esses momentos. Quem se previne pode investir melhor o acerto”, diz.

A administradora Cleia Ferreira, 28, ficou desempregada em 2016, mas trabalhou como garçonete e não precisou gastar o acerto. “Estou guardando para comprar um apartamento”, conta. Cleia optou pela poupança, mas Nathalia indica outros investimentos. “Aplicar em CDB ou no Tesouro Direto, que são bem conservadores, é melhor”, diz Nathalia.

O consultor em investimento Marcelo Lopez sugere aplicações em renda fixa. Ele alerta que o ideal é buscar fontes independentes para orientar quais os melhores investimentos, além dos bancos. “Existe um conflito de interesse entre clientes e bancos. É melhor não se orientar apenas por eles”, diz.
O Tempo

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