quarta-feira, 7 de junho de 2017

Moro marca novo depoimento

O TEMPO

CRISE SEM FIM

Juiz acata decisão de desembargador e ouvirá Emílio Odebrecht e Alexandrino Alencar outra vez


PUBLICADO EM 07/06/17 - 03h00






BRASÍLIA. O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da operação Lava Jato na primeira instância, marcou, na manhã dessa terça-feira (6), novos depoimentos do empresário Emílio Odebrecht e do ex-executivo da empreiteira Alexandrino Alencar. A audiência, na qual as defesas poderão fazer questionamentos adicionais, ficou marcada para a próxima segunda-feira.
As novas audiências foram uma recomendação do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). O desembargador Gebran Neto, relator da Lava Jato no TRF4 acolheu pedido em habeas corpus dos advogados de Lula, que alegaram cerceamento de defesa porque a Procuradoria da República juntou documentos aos autos do processo pouco antes da audiência, na última segunda-feira.
Entre os documentos foram anexados vídeos com as delações do patriarca da Odebrecht e de Alexandrino. A defesa de Lula alegou que não teve tempo para examinar as mídias.
O habeas corpus, subscrito pelo criminalista Cristiano Zanin Martins, defensor de Lula, chegou ao TRF4 às 13h22. A audiência com os delatores começou as 14hs. O desembargador Gebran decidiu depois que os depoimentos deles já tinham sido tomados por Moro.
Nesta ação penal, o Ministério Público Federal (MPF) acusa o ex-presidente de receber como propina um terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula e um imóvel vizinho ao apartamento do petista, em São Bernardo do Campo, em São Paulo.
Gebran Neto não viu nulidade no ato de Moro, mas destacou a necessidade de “se oportunizar o exercício pleno da ampla defesa e do contraditório, mormente no caso presente, no qual a complexidade da investigação justifica a cautela a ser tomada na colheita da prova”.
“Com efeito, eventual prejuízo à defesa que venha a ser constatado em momento posterior acabará por causar maiores transtornos e maior demora no trâmite do processo”, advertiu Gebran Neto.
“Nessa linha, tratando-se de prova juntada pela acusação às vésperas da audiência de inquirição das testemunhas, e considerando que as partes foram intimadas na audiência realizada hoje, 5 de junho de 2017, no período da manhã, penso que a melhor solução é a repetição do ato após as defesas tomarem ciência do conteúdo integral das mídias anexadas”, decidiu o desembargador.
Sergio Moro, por sua vez, informou nessa terça-feira (6) ao desembargador Gebran Neto que a defesa de Lula acessou os dados antes da audiência em que Emílio Odebrecht e Alexandrino Alencar foram ouvidos como testemunhas arroladas pela acusação ao petista em ação penal por corrupção e lavagem de dinheiro.
Em petição encaminhada ao desembargador, Moro assinala que nos dias 31 de maio e 1º de junho, “por diversas vezes, o advogado Cristiano Zanin Martins acessou o processo e ainda especificamente os depoimentos extrajudiciais de Alexandrino Alencar e de Emílio Odebrecht”.


CONTA NA RÚSSIA

Sigilo. A quebra de sigilo fiscal e bancário do advogado José Cláudio Marques Barboza Júnior, que defende o operador de propinas do PMDB João Augusto Henriques na Lava Jato, encontrou US$ 4,26 milhões em conta mantida no Banco Sberbank Moscow, na Rússia. O valor foi repassado ao advogado pela conta da offshore Acona International, de João Henriques.
Propina. O raio X na conta do advogado do lobista identificou três depósitos originados na conta Acona, em 2014: US$ 2,7 milhões em 22 de agosto, e outros dois, um de US$ 800 mil e outro de US$ 760 mil, em 29 do mesmo mês.


NÚCLEO DURO DE CABRAL

Mais um ex-secretário é citado

SÃO PAULO. Apontado como o “carregador de malas” da quadrilha de Sérgio Cabral, Luiz Carlos Bezerra citou em depoimento mais um ex-secretário estadual do Rio, membro do núcleo mais próximo do ex-governador. Ele disse ter levado dinheiro vivo para o advogado Régis Fichtner, chefe da Casa Civil em toda a gestão do peemedebista. De acordo com o relato, ele fez quatro entregas de R$ 100 mil ao ex-secretário no Palácio Guanabara e em seu escritório de advocacia.
Fichtner é um dos secretários presentes à festa que ficou conhecida como “farra dos guardanapos”. É a primeira vez que o nome dele é citado nas investigações.
O advogado é identificado, segundo o depoimento, com os apelidos “Alemão” e “Gaúcho” nos bilhetes e cadernos apreendidos na casa de Bezerra. As anotações funcionavam como uma contabilidade do operador de Cabral para controlar o recolhimento e a entrega de dinheiro feitos a mando do ex-governador.
Sem ter ainda firmado uma delação premiada, Bezerra vem auxiliando os investigadores a desvendar a quem se referem os inúmeros apelidos de sua “contabilidade paralela”.
A identificação de Fichtner envolve mais uma vez o “núcleo duro” da gestão Cabral, formado também por Wilson Carlos, ex-secretário de Governo, e o ex-secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, outro participante da “farra dos guardanapos”. Ambos estão presos.
Resposta
Leviana. Em nota, a defesa de Régis Fichtner afirmou que a acusação é “leviana e inverídica” e que ele “nunca recebeu qualquer vantagem financeira indevida de quem quer que seja”.
O Tempo

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