quinta-feira, 15 de junho de 2017

Excesso de atividade física faz rosto ficar flácido e envelhecido

Em tempos de críticas severas ao sedentarismo, é até estranho apontar fatores negativos relacionados à prática de exercícios físicos. Mas, antes de sair por aí correndo ou puxando ferro, é importante lembrar que atividade física em excesso pode prejudicar o metabolismo e levar ao envelhecimento da pele.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de, no mínimo, 150 minutos por semana de uma prática de intensidade moderada ou 75 minutos de uma atividade intensa. Mas quem não é atleta e dobra esses números ou os ultrapassa – acima de 300 minutos moderados ou de 150 minutos intensos – pode ter resultados incômodos no rosto: rugas, pele manchada e flácida. Há até um apelido em inglês: “runner’s face syndrome” (síndrome da cara de corredor), lembra o professor de educação física Albená Nunes, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).

“Quando estamos em atividade, a maior parte do oxigênio segue para os locais do corpo que mais gastam energia. A face, por ser a que menos se esforça, recebe menos oxigênio, e é a partir daí que temos esses sintomas”, reforça a dermatologista Betina Stefanello, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Além dessa deficiência de oxigênio na face, o excesso de atividade física eleva a presença das moléculas chamadas de “radicais livres”, que, em grande quantidade nas células, afetam sua integridade, levando ao envelhecimento cutâneo. Nesse processo, há a destruição do colágeno – que dá elasticidade e consistência à pele. “Quanto maior o tempo de prática, maior será esse processo”, afirma.
Além disso, o exercício físico de longa duração e praticado ao longo dos anos sob exposição solar aumenta os prejuízos à pele facial, afirma Nunes. “Atletas (amadores ou profissionais) que praticam treinamento físico outdoor (ao ar livre) estão sujeitos ao desbalanço entre a produção de radicais livres e o sistema de defesa antioxidante, gerando um quadro de estresse oxidativo que causa dano celular, mutação gênica e envelhecimento precoce”, acrescenta.
Maratonista, o professor de educação física Sílvio Borges explica que mexer o corpo na dose certa estimula a atividade dos antirradicais livres (antioxidantes) pelo aumento de enzimas bloqueadoras. “Assim, quem pratica exercícios bem-orientados, embora aumente a quantidade de radicais livres, oferece ao corpo melhor capacidade para lidar com eles. A neutralização do excesso de radicais livres é imprescindível para manter a saúde e a juventude”, aponta.
Efeitos. A analista de sistemas Ana Paula Lourenço, 39, tornou-se maratonista amadora há quatro anos e, no começo, não se preocupava tanto com os cuidados com a pele, até aparecerem os primeiros sintomas. “Senti a pela ficar seca e manchada com o passar dos meses por causa do esforço dos exercícios e da exposição ao sol. Fui orientada por um profissional a usar filtro solar e viseira. Hoje, não saio mais de casa sem eles”, afirma ela, que corre mais de 90 km por semana durante os treinos.
Mas os estragos já causados à pele não podem ser totalmente revertidos. Por outro lado, há tratamentos que amenizam os efeitos, afirma Betina. “Podemos realizar preenchimentos de estimuladores de colágeno, ou por via oral, que vão influenciar na recuperação das áreas afetadas, devolvendo grande parte das características originais, como elasticidade e coloração”, explica a médica.
Além do excesso de exercício físico e da exposição ao sol, Betina aponta que outros fatores podem influenciar no envelhecimento facial e causar manchas e flacidez: consumo de tabaco e álcool e excesso de açúcar.


SEDENTARISMO

Menos de 40% dos brasileiros são ativos

BRASÍLIA. Seguindo o recomendado, a prática de exercícios físicos é fundamental para o bom funcionamento do organismo. Mas menos de 40% dos brasileiros costumam praticar algum tipo de esporte ou atividade física, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015.
Recorte feito com pessoas com 15 anos ou mais aponta que apenas 37,9% dos entrevistados não foram sedentários no ano anterior à pesquisa, entre setembro de 2014 e setembro de 2015. A porcentagem corresponde a 61,3 milhões dos 161,8 milhões com a idade da amostra.
Os dados suplementares são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O esporte mais praticado é o futebol, com 39,3% das respostas. Entre as atividades, a caminhada é a mais popular, com 49,1%.
Foram ouvidas 71.142 pessoas com 15 anos ou mais em todos os Estados e no Distrito Federal. A pergunta inicial da pesquisa questionava se a pessoa praticou algum esporte em seu tempo livre.

O Tempo

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