sábado, 10 de junho de 2017

Lima: 'Cegueira intencional'

O TEMPO


CRISE SEM FIM

PUBLICADO EM 10/06/17 - 03h00
BRASÍLIA. O desfecho do julgamento da chapa Dilma-Temer colocou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na rota de embate direto com o Ministério Público. Procuradores desqualificaram a decisão de absolver a dupla eleita em 2014. Um dos coodenadores da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima escreveu uma mensagem em sua rede social na qual aponta “cegueira intencional da maioria dos ministros do TSE”. O post no Twitter foi publicado antes mesmo de o TSE concluir o julgamento. “A sucessão de denúncias de corrupção no Brasil só mostra o cúmulo do cinismo de nossa classe política, segundo o cientista político francês Olivier Dabène. Mas, na verdade, o verdadeiro cúmulo do cinismo é a cegueira intencional da maioria dos ministros do TSE em relação à corrupção exposta pelo acordo do Ministério Público Federal (MPF) com a Odebrecht”, escreveu o procurador.
Procurador da Lava Jato fala em acúmulo de cinismo da maioria dos ministros do TSE

















Santos Lima se referia ao pedido das defesas de Dilma Rousseff e Michel Temer para retirar dos autos os depoimentos dos delatores da empreiteira. O relator da ação, ministro Herman Benjamin, votou pela manutenção das informações prestadas pelos executivos da empreiteira e foi seguido pelos colegas Luiz Fux e Rosa Weber. Mas o entendimento dos três foi derrotado pelos votos divergentes de Gilmar Mendes, Napoleão Nunes Maia, Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira.

Para o procurador, “deve-se parar de fingir que nada aconteceu”. “Deve-se parar de desejar a retomada da economia, ou pior, a manutenção desse ou aquele partido no poder à custa da verdade. Cinismo é fingir que tudo está superado apenas porque o PT saiu do governo. A corrupção é multipartidária e institucionalizada. Ela é a maneira pela qual se faz política no Brasil desde sempre. Ou acabamos com a corrupção, ou a corrupção acaba com o Brasil”, escreveu.

O jurista Savio Chalita, autor de obras sobre direito eleitoral, disse ao portal G1 que o resultado foi “um desfecho triste para a sociedade, não quanto a clamor público e opinião pública formada sem embasamento, mas quanto a desrespeito ou simplesmente desfazimento de dispositivos eleitorais”. Ele criticou a “falta de leitura conjuntural da legislação” pelos ministros do TSE.

Em artigo publicado no site Jota, a procuradora da República Silvana Batini questiona: “O TSE pode fazer de conta que a Lava Jato não existe?”. O texto foi compartilhado no Twitter pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa e pelo procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa em Curitiba.

Sub-procurador. A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) reagiu às declarações de Gilmar Mendes durante a sessão do julgamento. Os procuradores afirmaram que a reação do presidente do TSE à arguição de impedimento do ministro Admar Gonzaga, apresentada pelo vice-procurador geral Eleitoral Nicolao Dino, foi “violenta e desproporcional”. “O MPF não recebe ordens de quem quer que seja e não exerce suas funções constitucionais pedindo permissão a outrem”, afirma a ANPR.

Mendes acusou Dino de ser “desleal”. “O Ministério Público tem que se pautar pela lealdade processual”, disse, ironizando: “Pensei que iria pedir a cassação do ex-presidente Lula”.

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