domingo, 3 de dezembro de 2017

Professores fazem sucesso com videoaulas no Youtube

Professor de matemática na capital há quase dez anos, Guto Azevedo, 35, notava que nem sempre era possível tirar todas as dúvidas dos estudantes em sala de aula. Para facilitar o aprendizado dos alunos, ele passou a fazer vídeos sobre os conteúdos ensinados em classe e a publicá-los no YouTube. O canal, criado de forma despretensiosa há cerca de seis anos, hoje tem mais de 91 mil inscritos de todo o país e quase 11 milhões de visualizações. Assim como Azevedo, muitos professores, apelidados de “edutubers”, usam a plataforma de vídeos e fazem sucesso.

As aulas online são uma alternativa para quem está em recuperação neste final de ano ou quer começar a se preparar para o Enem de 2018. O canal de Azevedo é voltado para a educação básica – ensino fundamental e médio –, e ele publica pelo menos um vídeo por semana. “Os mais procurados são vídeos curtos, com o beabá da matemática e exemplos bem-explicados. Também costumo deixar um exercício no fim. É uma maneira de interagir”, afirmou. “As videoaulas não estão aí para disputar com o professor em sala de aula, e sim para somar. Ele pode usar isso como uma ferramenta de apoio”, completa.

História. A professora de história Tatiana Pereira, 28, criou o canal Historizando em 2015. Ela faz resumos de matérias como a Revolução Russa e a Reforma Protestante, utilizando imagens para ajudar na aprendizagem. O canal já tem mais de 19 mil inscritos. Para ela, o ensino a distância tem vantagens, como poder assistir às aulas em casa e rever o vídeo em caso de dúvidas, mas exige mais disciplina para estudar em vez de usar redes sociais, por exemplo.

O mestre em história Jener Cristiano Gonçalves, 41, criador do canal HistoriAção Humanas, que tem mais de 6,5 milhões de visualizações, diz que com os vídeos alcança alunos no mundo todo, o que não poderia acontecer em sala de aula. “Na escola, a gente tem um público muito restrito. Com os vídeos, acabei alcançando pessoas que nem imaginava”, afirma.


Pachecão, o precursor da aula-show

Precursor da aula-show, o professor Pachecão acredita que a inovação deve passar também pela sala de aula. “Hoje, o professor tem a concorrência das redes sociais e dos eletrônicos, então, precisa buscar espaço. Ele tem que desenvolver uma aula diferente, fazer de tudo para que o aluno se interesse”, disse ele, que fez fama usando música nas aulas de física.

É na sala de aula que o professor de matemática Alan Raniel, 29, da rede municipal de Betim, na região metropolitana, procura inovar para conquistar os estudantes. Ele ficou conhecido por usar “memes” da Gretchen para ilustrar as notas dos alunos e usar outros artifícios para prender a atenção da turma, como produzir instrumentos com os alunos e criar jogos.

SUCESSO

Medicina. As aulas online foram determinantes para o estudante mineiro Jhosen Congeta, 27, conquistar o primeiro lugar no curso de medicina da Universidade de São Paulo, o mais concorrido do país em 2017. Ele destaca vantagens como não precisar se deslocar e poder estudar o mesmo conteúdo com vários professores. Para ajudar na concentração, ele usou um aplicativo que bloqueava o acesso às redes sociais.

YouTube Edu. Para reunir conteúdos de educação de qualidade, Google e Fundação Lemann lançaram, em 2014, o YouTube Edu, que seleciona canais de videoaulas usando critérios como a precisão dos materiais. A plataforma tem, hoje, 240 canais e mais de 3 bilhões de visualizações.

Mix de conteúdos. Alguns canais do YouTube, como o Descomplica, abordam diversos temas. Nele, há aulas sobre todas as áreas de conhecimento do Enem e técnicas de ensino.


Alguns canais se transformaram em bons negócios

Além de ajudar os alunos, os vídeos online se tornaram fonte de renda para os professores. Com impressionantes 77,5 milhões de visualizações e 1,6 milhão de inscritos, o canal Ferretto Matemática virou um negócio para o professor Daniel Ferretto, que começou a gravar os vídeos em 2014 porque sentia falta do material das salas de aula. Hoje, o canal é uma plataforma de estudos em site próprio, com cursos exclusivos e mensalidades de R$ 18. “O aluno que me assiste já está em dificuldade e procurando ajuda na internet, então eu penso nesse tipo de situação ao preparar a aula”, diz.

Em 2008, o professor Paulo Barros criou o canal Inglês Winner, no YouTube, depois que a empresa dele, uma franquia de escola de inglês para brasileiros nos Estados Unidos, faliu. Atualmente, o canal tem mais de 735 mil inscritos.

“Hoje eu me dedico exclusivamente ao canal e ao meu curso de inglês, que comercializo pela internet. Tenho uma empresa que está crescendo e já conta com alguns colaboradores. Tudo online”, disse.

O professor Rafael Procópio também oferece aulas exclusivas em uma plataforma paga, cujo plano anual custa R$ 299,99. O canal dele no YouTube, Matemática Rio, tem mais de 967 mil inscritos. “A gente consegue se aprofundar no conteúdo, porque lá não tem limites, e conta com todos os recursos multimídia”, afirma.
O Tempo

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