sexta-feira, 27 de abril de 2018

Joaquim Barbosa, uma candidatura pedagógica e polêmica

Amadeu Garrido de Paula

Muito embora haja receios fundados de o Brasil declinar a uma forma autoritária de governo, ante eventual candidatura e êxito do ex-ministro Joaquim Barbosa, é bom ver a elevação de nosso debate político com a candidatura de um seguidor assíduo de Paul Krugman, seguidor de John Maynard Keines e declaradamente contrário a políticas de austeridade sobre os mais fracos e proteção aos bancos. No entanto, desde logo é necessário que Joaquim Barbosa explique o que entende por ultraliberalismo, já que o discurso político é feito de meias ou excessivas e turvas palavras.

Em sua judicatura no Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa ficou caracterizado como personalidade autoritária, no mínimo pela classe dos advogados, que, em sua lei, tem garantido o acesso pessoal a qualquer juiz, algo sempre observado pelos Ministros da Corte, exceto pelo Ministro Barbosa. É um mal indício para a configuração de nosso Chefe do Executivo, em regime fortemente presidencialista, posto que de "coalizão". Pode-se prever uma torrente de medidas provisórias, anomalia que deveria ser extirpada de nossa democracia ou utilizado o instituto rigorosamente em suas dimensões constitucionais obstativas dos abusos, para casos de urgência e relevância.

Ademais, não podemos concordar com sua assertiva de que conhece a funcionalidade de nossa administração federal como ninguém, em razão de sua longa experiência enquanto promotor público. Os lidadores dos direitos conhecem, tal como ele, os efeitos perniciosos da administração pública brasileira, não suas causas políticas e os instrumentos políticos que podem transformar um hipopótamo num pássaro, o que se impõe dentre tantas medidas necessárias à construção de uma nova república.

Entre outras candidaturas, reitere-se, o povo brasileiro, guiado não por alguém, mas pelo pensamento predominante em seu pensamento cultural, à eficácia do qual a mídia tem especial importância, revela-se a candidatura construtiva, sob o aspecto pedagógico, mas não nos iludamos, mais uma vez, com um salvador da pátria, que nosso presidencialismo propicia encarnar.

Amadeu Garrido de Paulaé Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados.

Esse texto está livre para publicação. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário