domingo, 8 de abril de 2018

Tecnologia gera vagas, mas falta profissional qualificado

Profissionais que alimentam sistemas de inteligência artificial com informação, outros que melhoram a interação homem e máquina, evangelizadores de novas tecnologias, desenvolvedores de aplicativos para celular a Internet das coisas, especialistas em segurança cibernética e cloud computing (computação em nuvem). Parecem futuristas, mas esses profissionais já são demandados pelo mercado brasileiro. A área de Tecnologia da Informação (TI) do site de empregos Catho contava, no último dia 3, com 1.384 vagas abertas só para Belo Horizonte. No país eram 15,5 mil oportunidades de emprego em tecnologia na plataforma, na mesma data. Mas há pouca oferta de mão de obra especializada.
No site Love Mondays, a área com mais vagas em 2017, entre 17 setores, foi a de tecnologia, com 14% do total, seguida por bens de consumo (10%) e varejo (9%). “O volume maior das vagas de TI ainda está em áreas convencionais, mas já temos, sim, vagas relacionadas a tecnologias emergentes”, conta a CEO e cofundadora do Love Mondays, Luciana Caletti. A executiva destaca principalmente as vagas relacionadas a inteligência artificial. “Percebemos que essa tendência afeta todas as áreas de trabalho”, acrescenta Luciana.
Conseguir o profissional preparado para essas vagas ainda não é simples no Brasil. “Como trabalhamos com tecnologia de ponta, é difícil encontrar profissionais para vagas que a maioria das pessoas nem sabe o que é”, afirma a gestora de recursos humanos da Take, empresa que desenvolve chatbots, Gislaine Gandra. “Percebo uma dificuldade grande de contratar pessoas para essas vagas”, conta Luciana Caletti.
Segundo Gislaine, o processo seletivo envolve mais habilidades e valores do que conhecimento técnico. “Aprender rápido, ter iniciativa, estar antenado ao mercado e às inovações tecnológicas são habilidades valorizadas. A técnica nós ensinamos aqui. Não pode ter medo de errar”, explica a gestora. O CEO da ATS Informática, que utiliza inteligência artificial em seus softwares de gestão, Geovanne Teles, diz que o profissional deve ser autogerenciável. “São profissionais com perfil inovador, colaborativo, auto gerenciáveis”, afirma. A ATS tem uma universidade interna que também visa à formação de mão de obra.
Até a forma de selecionar está mudando. Na Take, é feita por hackatons, maratonas de programação. “O candidato recebe informação para sair do processo com um chatbot pronto. Avaliamos a capacidade prática, mas também oferecemos aprendizado, já que o hackaton dura mais de um dia. É uma forma de contribuir para a carreira do candidato”, conta Gislaine.
Startups
Caminho. Para a gestora de RH Gislaine Gandra, participar do “ecossistema” das startups, eventos sobre tecnologias emergentes e cursos sobre o tema são formas de se capacitar para as vagas do mercado de TI.

 

Chatbots já criam grandes demandas no mercado

As tecnologias emergentes impactam o emprego, mas também geram oportunidades. Tina Teles iniciou seus trabalhos na ATS Informática em janeiro deste ano e, em abril, já era responsável por 40% dos atendimentos aos clientes. Não se trata de uma funcionária padrão, mas de um chatbot, software que usa inteligência artificial – nesse caso, o Watson da IBM, para responder a dúvidas de clientes. Segundo a líder do projeto que implantou Tina na empresa, Iara Diniz, a chegada da tecnologia gerou outras funções. “Temos uma equipe que chamamos de ‘conteudistas’, pessoas responsáveis por analisar a qualidade das respostas da Tina e alimentá-la com informações”, explica Iara.
Outra vaga que os chatbots fizeram surgir foi o experience user, profissional que desenha diálogos entre os sistemas e os clientes para melhorar a usabilidade e a interação entre eles. Leonardo Velozo é designer e ocupa o cargo experience user na Take, empresa especializada em chatbots. “Já trabalhava com interface de produtos antes, mas com chatbots é a primeira vez”, explica.
Outra função recente que surgiu na Take foi o de evangelizador, que é o profissional que mostra às empresas o potencial das novas tecnologias, no caso, os chatbots. “Não existe formação formal para a vaga de evangelizador”, afirma gestora de RH da Take, Gislaine Gandra.
Áreas do TI com crescimento de vagas
Internet das Coisas (IoT). Cria produtos inteligentes por meio da captação de dados por sensores ligados à internet. Também é usada em processos industriais e na produção do agronegócio.
Inteligência artificial. Softwares que analisam grandes quantidades de dados para gerar relatórios e respostas para usuários. Prometem substituir trabalhos repetitivos.
Robótica avançada. Máquinas alimentadas pelo Bigdata para realizar tarefas mais elaboradas.
Computação em nuvem (cloud computing). Fornece servidores digitais que reduzem custos e aumentam a capacidade de processamento das soluções, além de armazenar dados.
Blockchain. Sistema de criptografia utilizado em soluções financeiras e nas moedas digitais, como o bitcoin.
Segurança cibernética. Área da computação que atua na prevenção de ataques a produtos e sistemas ligados à internet, como IoT.

Realidade virtual e aumentada. Fazem a junção do mundo físico com a digitalização. Utilizada em produtos e processos industriais.
O Tempo

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