quinta-feira, 19 de abril de 2018

Crise faz o homem se dedicar mais aos serviços domésticos


Tem mais homens ajudando nos afazeres domésticos. Mas, quando o assunto é serviço de casa, as mulheres, em relação a eles, gastam o dobro de tempo na função. Segundo pesquisa divulgada nessa quarta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2016 para 2017 a fatia de homens ajudando nas tarefas do lar subiu de 71,9% para 76,4%. No caso das mulheres, a participação ficou praticamente a mesma: de 92,4% para 92,7%.

A doceira Érica Oliveira, 37, trabalha em casa e conta com a ajuda do marido, principalmente com as crianças. “Quando ele está em casa, não preciso me preocupar: ele dá almoço, dá banho, dá janta. Ele também lava a louça e varre a casa. Me ajuda muito, mas a parte mais pesada da limpeza fica comigo”, conta.

Esse exemplo reforça outro dado da pesquisa do IBGE, que mostra que o tempo dedicado por elas aos afazeres domésticos ainda é muito maior. Nesse quesito, enquanto eles gastam 10,8 horas por semana, elas passam, em média, 20,9 horas fazendo esses serviços.

De acordo com a analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Alessandra Brito, a conjuntura econômica do país ajuda a explicar o aumento da participação masculina nos serviços de casa. “O rendimento médio caiu e, como nem todas as famílias têm condições de contratar uma diarista ou babá, os maridos e filhos estão se envolvendo mais”, justifica. No geral, a parcela de todos os brasileiros fazendo tarefas domésticas aumentou de 82,7% para 86%. “Como as mulheres já faziam muito, mais de 90% delas, esse crescimento fica mais visível entre os homens”, afirma Alessandra.

Mineiros. Em Minas Gerais, a parcela dos homens que fazem essas tarefas é maior do que a média nacional: 78,4%. Os mineiros também passam mais tempo nesse serviço: 10,9 horas. Mas as mineiras trabalham 12 horas a mais do que eles. “Em Minas, percebemos que a proporção de pessoas realizando trabalhos domésticos é maior do que a média nacional. Notamos também que, quanto maior é o grau de instrução, maior é a colaboração dos homens. Já por tipo, enquanto nos serviços de limpeza e preparo de alimentos a fatia das mulheres é maior, nos reparos da casa ou de eletrodomésticos o peso é maior para os homens”, destaca o coordenador estadual do IBGE em Minas, Gustavo Fontes.

Filhos estão cuidando dos parentes

Os filhos homens passaram a exercer mais a tarefa de cuidar de outros moradores da casa ou de parentes. De 2016 para 2017, o percentual passou de 12,7% para 16,2%, um crescimento de 27,6%. Mas a maior parte ainda fica com os maridos (34,7%).

“Vemos muitos filhos ajudando. Isso é importante, pois, um dia, eles ser tornarão chefes de família”, destaca a analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Alessandra Brito.

Taxa só passa de 90% quando eles moram sozinhos

O percentual de homens que fazem tarefas domésticas só passa dos 90% em uma condição: quando eles moram sozinhos. Segundo o IBGE, 91,8% dos homens que vivem sós preparam alimentos e lavam louça, um dos sete afazeres domésticos avaliados. Ainda assim, o índice é menor que o registrado entre as mulheres que também moram sozinhas, situação em que a taxa chega a 97,5%.

O levantamento mostra também que essa mesma tarefa era realizada apenas por pouco mais da metade (57,3%) dos homens considerados chefes de família, mas que vivem com cônjuges. Já cuidar da limpeza era tarefa de 88,2% dos que vivem sozinhos, mas de apenas 51,7% dos casados. A situação só se inverte quando o assunto é cuidar dos animais: é de 30,7% entre os solteiros e de 42,8% entre os que vivem acompanhados.

Os números confirmam que a divisão de tarefas no lar ainda é desigual, apesar de um avanço tímido, principalmente entre jovens de 14 a 24 anos, em que a fatia dos que fazem algum tipo de afazer doméstico registrou alta de 6,7%. Entre pessoas ocupadas e que também fazem serviços domésticos ou de cuidados, as mulheres trabalham 4,8 horas a menos no mercado e 7,8 horas a mais em casa do que homens.

Mais gente. Em 2017, 7,4% (12,4 milhões) das pessoas de 14 anos ou mais realizaram algum tipo de trabalho para o próprio consumo, alta de 1,1 ponto percentual em relação a 2016 (6,3%).
O Tempo

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