quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Os navajos


Amadeu Roberto Garrido de Paula

Notícias recentes em nosso País dão conta de manifestações do Congresso, por sua bancada ruralista, uma das cooptadas pelo Presidente Temer ou que o cooptaram, no sentido de legalizar terras de grileiros desmatadores em áreas indígenas. As reivindicações dos índios são consideradas por significativo contingente de nossos brancos como algo idílico dos verdes, da esquerda etc.

Os navajos vivem tranquilamente - hoje - na maior economia do mundo - depois de momentos de guerra na segunda parte do século XIX - cujo sofrimento não impediu, como é próprio dos americanos, sua glamourização, nos embates com as cavalarias azuis devidamente apropriados por Hollywood e a gloriosa literatura dos gibis.

Procederam do norte, como já sinaliza a designação de sua família linguística - "alhapaskan".

Caçadores e pastores, criaram uma história de magia, povoando o nordeste do Arizona até o Novo México e Utah. Área enorme desde Grants no Novo México até o Grand Canion, no Arizona. Margearam o Rio Sã Juan, no Colorado, nas proximidades do Deserto Pintado e da Floresta Petrificada. A sensibilidade única de um povo absolutamente livre e sonhador.

Hoje temos uma população de 220.000 navajos levando uma vida absolutamente harmônica na nação americana, ao longo de 6 milhões de hectares e com um produto interno bruto de 50 milhões de dólares. 

Já passaram por agruras e tormentos similares às etnias brasileiras, que não são erradicadas porquanto a Funai e a Funasa perderiam sua razão de ser. Seria, também, muito interessante desenterrar a corrupção entre integrantes desses órgãos e  a manipulação dos nossos nativos remanescentes.

Quando dos conflitos, o exército americano degredou mais de 8.000 navajos que, privados de seus belos cavalos, encintaram a "grande caminhada" para terra distante onde sangraram de corpo e alma. Todavia, retornaram não muito depois ao Deserto Pintado e à Floresta Petrificada.

O modo e as razões inconfessáveis como o Brasil trata sua população indígena, agora estimulando grileiros e a depredação, demonstra que não compartilhamos de sonhos existenciais, não pintamos desertos e petrificamos florestas, assim como não propiciamos a essa população condições para um produto interno bruto.

Amadeu Roberto Garrido de Paula, é Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados e ex-consultor da Unesco para a Funasa.

Esse texto está livre para publicação.

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