segunda-feira, 31 de julho de 2017

O deserto por onde caminham cegos

Amadeu Roberto Garrido de Paula

Deuses nos traçaram sombrio destino

atrelado aos fados de outros povos

a cada via vemos um falso sorriso

de governantes que nos corroem os ossos

Falsários do ilusionismo e de luzes

fazem multicolorida a "res publica"

nossos irmãos suportam as cruzes

suas mãos sangram, como na história bíblica

Milênios e séculos se foram inúteis

a humanidade recebeu a mensagem

ajoelha-se, porém parecem preces inúteis

pois as vilanias recrudescem a cada passagem

Multidões inundaram nossas ruas

a democracia só tem urnas

instituições apodrecem qual velhas uvas

trevas e granitos envolvem  aldeias turvas

O povo não sabe o que quer, nas praças tomadas, dizem,  

mas não será o simples andar a mostra de um rumo?

com certeza o povo repele firmemente as águas jorradas

de fontes cristalinas para um mar nauseabundo           

Mar da corrupção! Tudo parece porém simples espetáculo

a cada dia há novo capítulo para encerrar nossas tardes

e no magnífico e inexpugnável castelo em diário oráculo

as farsas os divertem e o choro brota das fraudes

Assim, brasileiros, compatriotas, amigos e amigas,

prosseguimos em nosso figurino triste de granito

traçado pelos deuses do inferno para a vida das formigas

trabalhadoras desde a madrugada, engasgo de eterno grito. 

Amadeu Roberto Garrido de Paula, é Advogado e sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados.

Esse texto está livre para publicação.

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