sábado, 29 de julho de 2017

Falta de recursos já prejudica

O TEMPO

LAVA JATO

Deltan Dallagnol disse que, se PF não sofresse contingenciamento, haveria mais operações


PUBLICADO EM 29/07/17 - 03h00






BRASÍLIA. O coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, disse nessa sexta-feira (28) em entrevista ao “Jornal Hoje”, da TV Globo, que a falta de dinheiro para a Polícia Federal (PF) já compromete investigações da operação. Segundo ele, o contingenciamento de verbas da PF por parte do governo federal impede a polícia de deflagrar mais etapas da Lava Jato.

“Há uma série de linhas de investigação que estão paradas ou andando de modo lento, quando elas poderiam já estar avançadas. Veja que, das últimas sete operações pedidas e deflagradas na Justiça, da Lava Jato, seis partiram do Ministério Público Federal (MPF), apenas uma da Polícia Federal. Se a PF estivesse com recursos humanos, estivesse com uma equipe adequada, nós teríamos, em vez de sete, 12 operações, seis da PF e seis do MPF”, disse Dallagnol.

Questionada pela TV Globo sobre os recursos para operações, a assessoria do Ministério da Justiça, responsável pela PF, informou que há um repasse mensal de R$ 70 milhões previsto para a Polícia Federal até o fim do ano, e que a operação “tem total apoio do ministério”.

Dallagnol afirmou que o ministro da Justiça, Torquato Jardim, precisa demonstrar “com atitudes” que apoia a operação e admitir que existe um enfraquecimento dos trabalhos diante do corte orçamentário na PF. “É preciso que o ministro da Justiça apoie a Lava Jato com mais do que palavras. Hoje, suas palavras são desmentidas pelo o que acontece de fato. O que acontece de fato é uma redução dos quadros da Lava Jato. É um sufocamento da Lava Jato. Nós precisamos, se o ministro da Justiça diz apoiar, que ele, com atitudes, demonstre o que disse”, afirmou.

Já o procurador da República Athayde Ribeiro Costa, ao detalhar a 42ª fase da Lava Jato em Curitiba, que resultou na prisão do ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, criticou diretamente Torquato ao dizer que o ministro não procurou a PF para saber se o efetivo existente é suficiente para manter as investigações.

Torquato Jardim reagiu às críticas e afirmou que, hoje, as investigações no Paraná já são menores do que as tocadas em Brasília e que caminham para serem menores do que as existentes em São Paulo. “Vejo a crítica como infundada. Basta olhar o meu passado profissional, antes de chegar aos dois ministérios (Transparência e Justiça), e não se encontrará nenhum gesto de crítica e desapreço à Lava Jato. Quanto a não ter feito uma visita social, não constava no protocolo do ministério que eu devesse fazer uma visita oficial à Lava Jato. Se ele (Dallagnol) acha isso necessário, vamos combinar um café”, ironizou Torquato.

Nessa sexta-feira (28), a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) divulgou nota para rebater as declarações do ministro. “A Fenapef entende que o corte nos recursos, que já se encontravam no limite, significa deixar o caminho livre para a ação de corruptos, organizações criminosas e de traficantes”, destaca a entidade, que pede que o ministro reveja a questão. A nota diz ainda que “não se economiza em segurança pública”.
Prisão. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve nessa sexta-feira (28) a condenação de Waldomiro de Oliveira, apontado pela Lava Jato como laranja do doleiro Alberto Youssef em empresas de fachada.
O Tempo

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