quinta-feira, 27 de julho de 2017

Doria e Alckmin em disputa

O TEMPO

CORRIDA PRESIDENCIAL

DEM e governador aproximam-se, mas sem compromisso para as eleições

PUBLICADO EM 27/07/17 - 03h00





São Paulo. Com interesses bem menos convergentes do que há um ano, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital paulista, João Doria (PSDB), correm com articulações políticas paralelas naquilo que pode transformar-se em uma demonstração de forças para 2018.

Como parte de uma agenda nacional em curso há meses, Alckmin esteve só nos últimos dias com os comandos de PPS, DEM e PSB. Fiéis ao estilo do tucano, as conversas costumam ser mais genéricas do que pragmáticas, segundo interlocutores.

Doria, por sua vez, além de viagens para cidades como Rio e Brasília – e Campina Grande (PB), que deve visitar em breve –, aproximou-se de prefeitos paulistas, ocupando o lugar de Alckmin no Estado e ampliando sua projeção política para 2018. Para o entorno tanto do prefeito quanto do governador, está praticamente certo que Doria quer ser candidato e mira a Presidência.

No entanto, se Alckmin superar denúncias na Lava Jato e se viabilizar, o prefeito se terá cacifado para disputar o governo paulista e ser um nome de consenso. O cenário interessa a Alckmin, que teria assim um bom palanque no Estado.

Apesar disso, os sinais de que Doria pensa mais em Brasília melindram aliados do governador, dentro e fora do PSDB, que veem a jogada solo pouco legitimada. Alguns alarmam-se com a hipótese de o prefeito vir a renunciar para disputar o governo estadual, mas acabar passando por cima de Alckmin e tentar a Presidência.

Para auxiliares de Doria, as iniciativas não são de confronto, mas dão vida própria ao político. O prefeito vem expandindo sua atuação para fora da capital paulista e tem-se dedicado a diversos eventos sociais.

Mesmo que cumpra a palavra, não enfrente Alckmin na corrida presidencial e resolva disputar o governo paulista, Doria ainda assim encontrará obstáculos. Dentro do PSDB, questiona-se sua habilidade de pacificar o partido, já que ele não se furta a propagar conflitos internos. Depois, terá o desgaste da renúncia pouco tempo após a posse. Assessores apostam, contudo, que o “clamor popular” compensaria restrições.

Relação. O DEM está emancipando-se e propõe agora um “relacionamento aberto” com Alckmin. Ambos permaneceriam juntos, por ora, no apoio ao presidente Michel Temer (PMDB), mas sem compromisso de aliança para a eleição de 2018. A mudança de status da relação – o DEM sempre foi aliado fiel do governador em eleições – surge no momento em que o partido vive um crescimento, ancorado nas relações com o governo e na chegada do deputado Rodrigo Maia à presidência da Câmara.

Para o senador José Agripino (RN), presidente do DEM, o encontro com Alckmin na última segunda-feira serviu para “atualizar” a relação com os tucanos: “Sintonizamos nossas posições e preocupações”. 

AGENDA COM PSB

Encontro. Geraldo Alckmin encontrou-se na noite de quarta (26) com a cúpula do PSB, em mais um movimento na busca de aliados para desenhar sua candidatura à Presidência em 2018. A reunião constava em sua agenda como um evento no qual ele e o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), assinariam uma parceria para enfrentar a crise hídrica de Brasília. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, também participaria do encontro, ao lado de outras lideranças. “O PSB é parceiro nosso. É importante ouvi-los. Essa aproximação é necessária”, disse Alckmin em entrevista antes da reunião.


CONTRA-ATAQUE

Resposta. Ex-prefeita de São Paulo pelo PT, a deputada Luiza Erundina (PSOL) disse quarta (26) que o ex-presidente Lula não deveria dirigir seus “rompantes” à esquerda, mas aos “parceiros da direita com quem ele governou e que, no final, o traíram”. A crítica foi uma resposta à fala de Lula de que “metade da frescura (do PSOL) vai acabar” quando o partido governar o Rio. “Governamos a cidade (SP) com minoria na Câmara, isso porque, para conseguirmos maioria, teríamos que transigir eticamente, o que não é aceitável nem mesmo em nome da governabilidade”, criticou Erundina. “Não é ‘frescura’, mas coerência”.
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