O TEMPO
AQUECIMENTO GLOBAL
Países temem que se repitam as 20 mil mortes ocorridas em 2003
PUBLICADO EM 05/08/17 - 03h00
GENEBRA, SUÍÇA. O casal suíço Pierre e Clara Schmidt, com 72 e 69 anos, decidiu que, neste fim de semana, irão para seu chalé nas montanhas dos Alpes. Algo que costumam fazer apenas no inverno. Mas, dessa vez, a decisão foi a de subir a estrada para fugir do calor sem precedentes em mais de uma década.
Com a pior onda de calor em 14 anos, 11 governos europeus anunciaram um plano de emergência e apelam aos cidadãos para que adotem medidas extras de proteção. Para os cientistas, o fenômeno deve se repetir nos próximos anos com maior regularidade, afetando inclusive a estruturas de cidades, abastecimento de água e a produção agrícola.
Por enquanto, a recomendação para a população é de permanecer em locais cobertos durante os horários mais perigosos, evitar o sol, reduzir planos de caminhadas longas e se hidratar com frequência. Duas pessoas já morreram, na Polônia e na Romênia.
Mas o temor dos serviços de saúde é de que ocorra o mesmo que em 2003, quando a Europa registrou 20 mil mortes. A emergência já foi declarada na Itália, Suíça, Hungria, Croácia, Romênia, Sérvia, Bósnia, Espanha e França. Algumas das mais altas temperaturas foram registradas na Itália, com 43ºC em Roma e 44ºC na Sardenha, com a possibilidade de chegar a 46ºC neste fim de semana.
Em Roma, as internações aumentaram em 15% nesta semana. O calor ainda está levando a Itália a viver sua pior seca em 60 anos, enquanto prefeitos desligaram suas tradicionais fontes. Em locais turísticos, aparelhos de ar-condicionado não têm dado resultado, e certos museus tiveram de fechar suas portas por algumas horas.
Em Roma, as internações aumentaram em 15% nesta semana. O calor ainda está levando a Itália a viver sua pior seca em 60 anos, enquanto prefeitos desligaram suas tradicionais fontes. Em locais turísticos, aparelhos de ar-condicionado não têm dado resultado, e certos museus tiveram de fechar suas portas por algumas horas.
O impacto econômico também já é uma realidade. Agricultores abandonaram suas férias para começar já a colher as uvas, o que deveria ocorrer apenas em dez dias. A previsão aponta para uma queda de 50% na produção de azeitona e azeite, enquanto a produção de leite encolheu 30%. O mesmo impacto já é também sentido no meio rural da Bósnia, que prevê queda de produção de 10% neste ano.
Nessa sexta-feira (4), a Europa contava um total de 75 focos de incêndio pelos países. Certas regiões estão com temperaturas de 10ºC a 15º acima da média da temporada. “Nos últimos 150 anos, vimos um número relativamente limitado de eventos extremos. Mas, nos últimos 30 anos, estamos registrando mais e mais casos”, alertou Omar Baddour, da Organização Meteorológica Mundial.
FRANÇA
Frias, grutas têm mais turistas
PARIS, FRANÇA. Para lutar contra a intensa onda de calor no sudeste da França, centenas de turistas procuram as cavernas da região, oásis naturais de temperaturas amenas, que registram um aumento significativo das visitas. “As pessoas afirmam que é ótimo desfrutar deste ar condicionado natural”, conta à AFP Linda Benini, que administra a Gruta de Saint-Marcel, uma caverna espetacular da região de Ardèche. “Aqui dentro faz 14ºC, e os turistas estão maravilhados”, disse. A visita às imensas galerias e a suas piscinas naturais formadas pelo acúmulo de diversos minerais, única na Europa, dura uma hora. Os visitantes descem a uma profundidade de 150 metros.
No momento em que o sudeste da França registra 40ºC, o sítio turístico registra um aumento de 10% nos visitantes, entre franceses, europeus e americanos. O mesmo acontece na gruta de Madeleine, em Saint-Remèze, Ardèche. “Temos mais visitantes”, confirmou o diretor da localidade, Frédéric Giordan. “A 150 m de profundidade a temperatura é de 15ºC”. A gruta de Choranche, perto de Lyon, registra 300 visitantes a mais por dia, confirma Florence Delorme, diretora de comunicação da área.
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