sábado, 24 de fevereiro de 2018

Onde Hércules descansou após as tarefas

Diz a mitologia grega que, depois de ter separado a Europa da África ao escavar o Estreito de Gibraltar – para concluir um dos 12 trabalhos que o rei Euristeu lhe incumbiu –, Hércules, filho de Zeus, descansou em uma gruta. Esse local fica a 15 km ao sul de Tânger e é um dos pontos turísticos mais visitados do Marrocos. Sobre as Grutas de Hércules, os olhos perdem de vista os mais de 40 km de praias na costa atlântica. No interior do complexo de cavernas, estão formações calcárias esculpidas não só pelas ondas e pelo vento, mas também pelas mãos de fenícios e romanos, dois povos que viveram na região.
A maneira mais rápida de chegar às Grutas de Hércules é de carro. Um táxi de Tangier Ville até lá sai por cerca de 100 dirhams marroquinos (MAD) por passageiro, ou cerca de US$ 11. O valor é cobrado por pessoa, mas dá para barganhar – duas pessoas podem conseguir por MAD$ 150. Também há ônibus, com bilhete a MAD$ 2, mas param longe.
A viagem é feita pela Rota das Grutas de Hércules, onde, em determinado ponto, veem-se militares guardando um palácio de muros brancos. É a casa de verão do rei Salman da Arábia Saudita. Dizem os locais que o rei passa longas temporadas em seu palácio de Tânger, com vista deslumbrante para o Atlântico, para curtir a brisa marítima.
As Grutas de Hércules foram descobertas em escavações arqueológicas, no século XIX. (Na vizinhança, há outras grutas com a mesma formação geológica). Ela tem uma abertura (dizem que feita pelos fenícios) para o oceano Atlântico que se assemelha à forma do mapa da África. Em dias ensolarados, a vista é espetacular, e o azul do céu e do mar se confundem; no pôr do sol, outro espetáculo à parte.
Vista para o Atlântico
Para descer na gruta não se paga nada, mas para saber um pouco mais da sua história é necessário pagar alguns dirhams aos guias locais. Há venda de suvenires dentro da gruta e na praça, rodeada de colunas brancas, que dá acesso a ela. Mas o melhor é reservar os dirhams e almoçar no Le Mirage, para aproveitar a vista para o Atlântico. Os pratos custam entre US$ 40 e US$ 50, e podem ser saboreados num imenso terraço ao ar livre. Para inovar, uma taça de vinho marroquino, que não fica nada a dever a vinhos tradicionais franceses e portugueses.
Os guias locais contam que o próprio rei do Marrocos, Mohammed VI, também tem uma casa que fica abaixo do Le Mirage, para aproveitar a magnífica vista do Atlântico, como faz seu colega saudita. Mas, oficialmente, ninguém confirma essa informação, que acabou virando mais uma lenda da região.

Nas Grutas de Hércules, há vestígios da presença humana (cerâmicas, ferramentas e estátuas), que datam do século V a.C.


Medinas entre a montanha e o mar em Tânger e Tetouan

As medinas (palavra que em árabe significa “cidade antiga”) abrigam a parte histórica de diversos municípios em países da região noroeste da África, conhecida como Magreb. São labirintos de ruas estreitas, quase sempre murados, e com uma praça central. Essa espécie de centro urbano antigo já era erguida pelos árabes desde o século IX e, atualmente, abriga palácios, minaretes e mesquitas, muitos deles alçados a Patrimônio da Humanidade.
Em medinas como a de Tânger e de Tetouan, o comércio é bem variado. Há pequenas lojas de especiarias, tapetes e sapatos, além de ateliês de alfaiates que tecem panos coloridos.
Para quem planeja ficar apenas em Tânger, a medina da cidade oferece todos esses ingredientes, acrescidos de uma vista imperdível do porto e da baía, além da Espanha e do estreito de Gibraltar, mais ao longe, onde vale esperar o pôr do sol, se a visita for no fim do dia.
Sem dúvida, o local mais frequentado da medina é o Grand Souk (“grande mercado”, em árabe), uma espécie de praça com bares e lojas, onde se vendem tecidos, alimentos e especiarias (açafrão, em particular). Ambulantes oferecem frutas, hortaliças e bugigangas. Negociar é imperativo: os descontos podem chegar a 50%.
Tetouan
Quem tem mais tempo pode visitar também a medina de Tetouan, cidade a 60 km de Tânger, situada entre o mar e a montanha. De ônibus, a viagem leva uma hora, e a passagem sai por 20 dirhans marroquinos (US$ 2). A medina é uma das mais bem preservadas do Marrocos. Por isso, é patrimônio da Unesco desde 1997.
A primeira providência é ter um guia local (eles ficam na entrada da medina e cobram algo como 100 ou 150 dirhans, para um passeio de até duas horas). Sem eles, corre-se o risco de entrar nesse emaranhado de vielas e levar horas para sair ou encontrar os pontos principais.
Na medina de Tetouan, além das pequenas lojas, há ateliês de diferentes artesãos. É imprescindível ver de longe o Palácio Real (é isolado dos turistas) e passar pela Igreja de Nossa Senhora das Vitórias, o templo espanhol de Tetouan.

DOIS EM UM

Marroquina-andaluz. Tetouan tem influências da Andaluzia. A cidade abrigou judeus expulsos do sul da Espanha durante a Reconquista. Logo, quem já visitou a Andaluzia, ao passar pela bem-cuidada praça Hassan II, vai reparar: fontes, quiosques e flores nas ruas tornaram aquele pedaço do Marrocos muito parecido com a região espanhola. É como visitar duas cidades ao mesmo tempo.

CINEMATECA E CHÁ

Menta. É ali na medina que está a cinemateca de Tânger, instalada no Cinema Rif, construído na década de 30, e que exibe filmes locais. Tomar chá de menta em um dos bares é parte do programa.

Museus. Da Casbá, o ponto mais alto da medina, se tem a melhor vista. Na praça da Casbá está o Palácio do Sultão (em árabe, Dar El Makhzen). Era nesse edifício histórico que os sultões do Marrocos se hospedavam quando estavam na cidade, e as instalações abrigam hoje dois museus: o de Artes Marroquinas e o de Antiguidades e Arqueologia, ao lado, no Palácio Dar Chorfa.

Túmulo. Outra curiosidade da medina indicada pelos guias é o túmulo de Ibn Batouta, viajante e explorador que nasceu em Tânger em 1304 e partiu em peregrinação a Meca, aos 22 anos. 
Teatro. Mais um ponto turístico está na Rue Anoual: é o Gran Teatro Cervantes, com sua fachada art déco. Inaugurado em 1913, foi considerado o mais importante teatro do Norte da África.

Panorâmico. Para finalizar, um ícone de Tânger: o Café Hafa. Construído quase um século atrás, tem muitas varandas sobre uma encosta. Saborear um chá de hortelã (7 dirhans) olhando o mar é um fim de passeio perfeito.

Site. Mais informações nos sites oficiais de turismo visitmorocco.com e visittanger.com.


SERVIÇO

Onde ficar
Grand Hotel Villa de France.
 Diárias a US$ 146. bit.ly/2G2QUwG
Tanger City Center Place du Maghreb Arabe. Diárias a US$ 125. bit.ly/2n0BPDh
Ibis Tanger City Center. Diárias a US$ 37. Latissement Tanger Offshore Plazza. bit.ly/2F5eBTD

Onde comer
Le Mirage.
 Route des Grottes d'Hercule 2198. lemirage.com
Cafe Hafa. Marshan, nas falésias próximo à baía de Tanger. bit.ly/2BkqmU2
El Tangerino. Restaurante, lounge, bar de tapas. 186 Avenue Mohamed VI Corniche de Tanger. eltangerino.com
O Tempo

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