quarta-feira, 8 de junho de 2016

De meio de transporte a membro da família

Há muitas maneiras de vislumbrar um automóvel. Ele pode ser um mero meio de transporte, uma oportunidade comercial ou até um símbolo de status, por exemplo. Mas, para alguns proprietários, certos carros ganham importância muito além da material: eles se tornam quase membros da família. Vão passando por várias gerações, que mantém o desejo de preservá-los. Vendê-los, é algo impensável, por maior que seja a oferta.

O pesquisador e gestor de cultura Tadeus Mucelli, 37, é uma dessas pessoas. Seu xodó, um Volkswagen Fusca 1.500 ano 1972, foi comprado zero-quilômetro pelo pai antes mesmo de ele nascer. “Foi o primeiro carro do meu pai e, por muitos anos, foi também o único carro da família. Eu comecei a gostar dele desde cedo, porque fui crescendo observando meu pai e meus irmãos dirigindo”, relata.
Porém, como Tadeus é o caçula de quatro filhos, acabou demorando até que ele pudesse assumir o volante: “O carro passou primeiro para meus dois irmãos, e depois, para a minha irmã; sempre por necessidade, porque a gente precisava dele.” Nas mãos do irmão mais velho, que era representante comercial, o Fusca viajou muito pelo Brasil afora. “Ele chegou a ir dirigindo até Manaus (AM)”, diz o pesquisador. Depois, o Volkswagen foi com o irmão do meio para a universidade. “Ele estudou em Viçosa, e o carro o acompanhou por lá”, explica.

Posteriormente, foi a vez de a irmã fazer uso do veículo. “Ela morava em um sítio e usava o Fusca para se locomover e transportar objetos. Como ela não tinha carteira, era meu cunhado que dirigia”, conta. Depois dessa verdadeira saga, Tadeus acabou ficando com o Fusca só em 2011. “Como já tinha outro carro, resolvi preservá-lo para relembrar as histórias da família”, conta o proprietário, que não demonstra remorso algum por ter recusado uma oferta de venda de R$ 20 mil em certa ocasião.

Coleção

O advogado e professor Eduardo Carone Costa Júnior, 43, mantém não só um, mas cinco automóveis que pertenceram a familiares: um Dodge Dart 1970, que foi do avô paterno e do pai, um Fusca 1.500 ano 1971, inicialmente pertencente a um tio-avô, um Volkswagen Variant 1976, comprado pelo avô materno, um Volkswagen Gol 1991, herdado da tia-avó, e um Ford Ka 2000, que foi o último veículo utilizado pela mãe.

Carregados com lembranças, os veículos acabaram se tornando verdadeiros tesouros para Eduardo. “A ligação afetiva é muito forte, devido ao fato de eles me lembrarem as pessoas da minha família. Além do mais, eu cresci andando nesses carros, convivi com eles durante décadas”, conta. O advogado afirma que nem cogita vender qualquer um desses veículos. “Não são carros caros, mas eu não os venderia por valor nenhum”, conclui.
História familiar se une com a de antiga concessionária
Outro proprietário que mantém uma pequena frota na família é o empresário Olavo Abrahão Karez Júnior, 60. Suas preciosidades são um Dodge Charger 1976, um Dodge Magnum 1979, um Ford Landau 1979 e um Chevrolet Monza 1990. “São carros que entraram na vida da família e acabaram ficando, pois tínhamos espaço para guardá-los,” relata.

A história dos dois primeiros remonta aos anos 70, quando a família de Olavo era dona de uma concessionária Chrysler, a Comercial Lux (atualmente Lux Motor), em Belo Horizonte. “Eu tinha 16 anos quando meu pai começou a mexer com carros e acabei me apaixonando”, narra o empresário. Nesse contexto, o Dodge Charger acabou sendo um presente de pai para filho. “Ele entrou na loja em uma troca por um Dodge Polara, e acabou ficando um bom tempo sem ser vendido. Depois de eu pedir muito o carro, ele me deu”, relembra.

Os demais veículos pertenceram ao pai de Olavo. O Magnum foi adquirido zero-quilômetro, ainda nos tempos em que a Comercial Lux era representante da Chrysler, entre 1972 e 1981. Já o Landau veio em 1984: “Meu pai queria esse modelo e nós viajamos para São Paulo para comprá-lo. Ele é de uma série especial, que celebra os 60 anos da Ford no Brasil”, explica o empresário. Depois, o Monza foi comprado novo, em um consórcio. “Foi o carro que meu pai usou até falecer, em 2002”, diz.
Ao longo das décadas, Olavo já recebeu várias ofertas pelos veículos, mas preferiu mantê-los. E, ao que tudo indica, eles irão continuar na família. “Meu filho vai tirar carteira agora e já falou que quer dirigir os carros”, conta, orgulhoso, o proprietário. (AC)

Veículos participaram dos casamentos dos donos
Não chega a surpreender que automóveis que guardam tantas histórias tenham sido escolhidos por seus proprietários para transportá-los, com suas respectivas noivas, em seus casamentos. Tadeus Mucelli, 37, pesquisador e gestor de cultura, saiu da cerimônia, em um sítio, a bordo de seu Fusca 1972. “O carro também fez parte da decoração da festa”, relembra. O veículo, inclusive, teve papel importante na relação do casal desde antes da celebração. “Durante nosso namoro, saíamos passear de Fusca em quase todos os fins de semana”, destaca. Já Eduardo Carone Costa Júnior, 43, advogado e professor, escolheu o Dodge Dart 1970 para participar da celebração de sua união com a esposa. “Foi o carro que levou minha esposa à igreja quando eu casei”, relembra.

Já o Ford Landau 1979 do empresário Olavo Abrahão Karez Júnior, 60, também esteve presente na igreja no dia de seu casamento. “Ele também iria participar do casamento do meu irmão, mas o motorista que iria buscar a noiva não conseguiu encontrar o endereço (em que ela estava). Ela acabou sendo levada por um amigo, na última hora”, explica Olavo. Ele conta que também utilizou o sedã para levar outras noivas para cerimônias religiosas, para atender pedidos de parentes e amigos. Dessas experiências, ele se lembra de um caso curioso: “Eu ia levar o casal da igreja para a festa. Então, marido e mulher, ainda recém-casados, começaram a discutir no banco de trás. Como você pode imaginar, esse casamento não durou muito”, conta, bem-humorado, o proprietário. (AC)
Casos curiosos
Mais que automóveis, os proprietários colecionam muitas histórias curiosas. Tadeus Mucelli se recorda de uma noite em que saiu às escondidas no Fusca, quando era adolescente. “No dia seguinte, ninguém falou nada, mas o portão da garagem apareceu com um cadeado novo e o carro, com uma tranca. Eu perguntei o porquê daquilo e meu pai respondeu: para você não pegar o carro mais”, lembra. Já Eduardo Carone Costa Júnior conta que participou da compra da Variant do avô. “Eu tinha três anos de idade, estava no colo. Ele me pediu pra escolher a cor, e apontei para o carro azul”, diz. Já Olavo Abrahão Karez Júnior conta que seu Dodge Magnum causou uma má-impressão inicial, quando era novinho: “Ele apresentou alguns problemas e irritou meu pai. Mas solucionamos tudo e ele está aqui até hoje”, relata.
Veículos participaram dos casamentos dos donos
Não chega a surpreender que automóveis que guardam tantas histórias tenham sido escolhidos por seus proprietários para transportá-los, com suas respectivas noivas, em seus casamentos. Tadeus Mucelli, 37, pesquisador e gestor de cultura, saiu da cerimônia, em um sítio, a bordo de seu Fusca 1972. “O carro também fez parte da decoração da festa”, relembra. O veículo, inclusive, teve papel importante na relação do casal desde antes da celebração. “Durante nosso namoro, saíamos passear de Fusca em quase todos os fins de semana”, destaca. Já Eduardo Carone Costa Júnior, 43, advogado e professor, escolheu o Dodge Dart 1970 para participar da celebração de sua união com a esposa. “Foi o carro que levou minha esposa à igreja quando eu casei”, relembra.

Já o Ford Landau 1979 do empresário Olavo Abrahão Karez Júnior, 60, também esteve presente na igreja no dia de seu casamento. “Ele também iria participar do casamento do meu irmão, mas o motorista que iria buscar a noiva não conseguiu encontrar o endereço (em que ela estava). Ela acabou sendo levada por um amigo, na última hora”, explica Olavo. Ele conta que também utilizou o sedã para levar outras noivas para cerimônias religiosas, para atender pedidos de parentes e amigos. Dessas experiências, ele se lembra de um caso curioso: “Eu ia levar o casal da igreja para a festa. Então, marido e mulher, ainda recém-casados, começaram a discutir no banco de trás. Como você pode imaginar, esse casamento não durou muito”, conta, bem-humorado, o proprietário. (AC)
Casos curiosos
Mais que automóveis, os proprietários colecionam muitas histórias curiosas. Tadeus Mucelli se recorda de uma noite em que saiu às escondidas no Fusca, quando era adolescente. “No dia seguinte, ninguém falou nada, mas o portão da garagem apareceu com um cadeado novo e o carro, com uma tranca. Eu perguntei o porquê daquilo e meu pai respondeu: para você não pegar o carro mais”, lembra. Já Eduardo Carone Costa Júnior conta que participou da compra da Variant do avô. “Eu tinha três anos de idade, estava no colo. Ele me pediu pra escolher a cor, e apontei para o carro azul”, diz. Já Olavo Abrahão Karez Júnior conta que seu Dodge Magnum causou uma má-impressão inicial, quando era novinho: “Ele apresentou alguns problemas e irritou meu pai. Mas solucionamos tudo e ele está aqui até hoje”, relata.
O Tempo

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