quinta-feira, 9 de junho de 2016

Formato de cursos da UFMG pode mudar até o fim do ano

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apresentou nesta quarta-feira (8) uma proposta de mudança estrutural nas graduações. A expectativa é adotar ciclos básicos entre áreas afins, em vez de o estudante escolher, logo ao se inscrever no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), um curso específico. Assim, um aluno de engenharia, por exemplo, faria três ou quatro semestres de disciplinas comuns e, na sequência, escolheria a carreira que pretende seguir. Isso agilizaria, inclusive, a obtenção de um segundo diploma. Ainda se trata de uma possibilidade a ser avaliada pelos departamentos da instituição de ensino, mas não demandará investimentos, somente rearranjos internos para a adaptação curricular. Por isso, espera-se para este ano a realização de projetos-piloto.

O pró-reitor de graduação da UFMG, Ricardo Takahashi, acredita que “quanto mais disseminado for o ensino, mais se pode carregar da universidade”. O projeto tem a ideia de evitar a mobilidade entre os cursos, que, segundo ele, acontece muito durante o primeiro ano. Em 2014 e 2015, cerca de 7% dos universitários pediram mudança de graduação.

O departamento tem autonomia para escolher pelo modelo tradicional de ensino ou pela proposta de ciclo básico. Para alguns docentes, a ideia é promissora. O coordenador do bacharelado em Ciências do Estado, José Luiz Horta, avaliou ser uma decisão acertada da reitoria. “Isso é uma marca que ficará na UFMG. Acredito em uma liberdade na educação e vejo isso com essa proposta”, defendeu.

Além de propor um ciclo básico e permitir que o aluno tenha contato com as áreas antes de realizar a sua escolha, o novo modelo também prevê complementação na formação e facilita a obtenção de novo diploma. “Vemos os primeiros períodos muito cheios e os últimos já com menos alunos. É interessante trazer mais gente para essa parte final. Com a proposta, obter uma nova formação se tornaria algo rápido e temos condição de fazer isso”, explicou Takahashi.

Mais dois pontos importantes são discutidos no projeto. O aluno poderia acrescentar uma formação complementar à graduação, por meio de blocos de disciplinas de uma determinada área de interesse. Esse processo seria certificado à parte. Além disso, há como integrar uma formação transversal: dentro da carreira pretendida, o estudante agregaria um conjunto de atividades extras, que também será reconhecido.

A preocupação de alguns professores é como implantar essa iniciativa respeitando as particularidades de cada curso. Por isso, o debate continuará. “A princípio, acho que temos que discutir isso em cada unidade. Precisamos levar aos colegiados e docentes para depois estruturar um modelo”, ponderou Carmélia Braga, professora de engenharia eletrônica.

Interdisciplinar

Alem de criar ciclos básicos de ensino antes da escolha das especialidades, o novo modelo pela UFMG também coloca a possibilidade de criar bacharelados interdisciplinares. Nesse caso, após o ciclo básico o aluno continuaria com uma formação híbrida.

Mercado

Durante a apresentação da proposta o mercado de trabalho foi uma preocupação, mas o pró-reitor de graduação deu o exemplo da UFABC, onde, segundo ele, com o tempo houve absorção pelo mercado. “Quando eles entenderam a proposta começaram a procurar por esses profissionais específicos”, lembrou Ricardo Takahashi.
O Tempo

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