terça-feira, 14 de junho de 2016

BH ganha museu do sexo focado na conscientização

Na abertura do Museu do Sexo Hilda Furacão, em Belo Horizonte, o público pôde fazer um “troca-troca”. No evento de lançamento do projeto itinerante, que na sua estreia ocupou o vão sob o viaduto do bairro Floresta, na região Leste da capital, participantes levaram objetos íntimos como revistas pornográficas, calcinhas, cuecas e vibradores para compartilhar entre si. O museu já tem oito locais de destino em sua agenda, entre hoteis e restaurantes, todos em Belo Horizonte, mas o objetivo é ganhar um endereço fixo, de preferência na rua Guaicurus, conforme a presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), Cida Vieira. A via no centro da cidade é tradicionalmente um reduto de prostíbulos.

A iniciativa deve acontecer de forma pontual e não há data para o próximo evento. Embaixo do viaduto, no entanto, foi instalada uma obra de arte de concreto com 15 de alturas, que poderá ser vista de cima da estrutura. A previsão é que a iniciativa passe pelos oito pontos de exposição no prazo de seis meses a um ano.

De acordo a presidente, o principal objetivo da iniciativa é quebrar o preconceito que ainda existe em relação ao trabalho das prostitutas da capital mineira. “Nesse primeiro momento, é importante a visibilidade. É preciso mostrar que (a prostituição) é um trabalho como outro qualquer. É preciso quebrar o preconceito. Precisamos dialogar e mostrar a realidade das meninas”, esclareceu Cida.

Outras reivindicações como serviço de saúde integral disponível para as profissionais e o combate à violência ganharão voz nas ações do museu. Criado para ser interativo, o espaço terá apresentações artísticas. “Hoje (ontem) nós vamos abrir para a participação de artistas de fora do Brasil”, disse.
Em julho, os artistas realizarão uma residência artista sobre a temática, que deve gerar uma exposição logo em seguida.

Mulheres. Outra questão que deve ser abordada pela iniciativa é o empoderamento da mulher. Para Cida, o machismo ainda impede que as mulheres conheçam melhor o seu corpo e saibam o que lhes dá prazer. “É preciso perder um pouco dessa vergonha e conhecer mais o seu prazer”, pontua Cida.
Inédito
Projeto. Segundo a organização, o Museu do Sexo Hilda Furacão é o primeiro do tipo no país. Ele foi idealizado por Cida Vieira, pelo artista Francilins Castilho Leal e pela professora Sarug Dagir.“A intenção é criar um filme em um ano. Vamos fazer um acervo e queremos que o museu (fixo) seja na Guaicurus, que faz parte da história de Belo Horizonte.”

Cida Vieira
Presidente da Aprosmig
Casa em Amsterdã inspirou a da capital
Amsterdã foi a primeira cidade do mundo a ter um Museu do Sexo, que inclusive inspirou a iniciativa belo-horizontina. O museu holandês tem o slogan “Sexo é a coisa mais natural do mundo”, e o objetivo é mostrar o papel do sexo na história e na arte. Entre as peças do museu estão estátuas, pinturas, vídeos, bonecos que se movem e que mostram posições eróticas, dentre outros.

Segundo o site oficial da casa, os artigos foram guardados pessoalmente pelos donos do museu. O local foi aberto ao público em 1985, e os frequentadores teriam ficado tão fascinados que os donos decidiram expandir a pequena coleção de objetos eróticos do século XIX.

Os produtos estão dispostos em duas casas conectadas por escadas. O resultado é um labirinto com quartos e corredores, onde os visitantes são surpreendidos. A coleção de diferentes culturas e períodos da história permite “horas de conhecimento e divertimento”, conforme o site do museu. (AD)
O Tempo

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