terça-feira, 7 de junho de 2016

Castigo de menino japonês vale de alerta para excessos dos pais

Castigar ou não os filhos é uma dúvida constante na cabeça dos pais na hora de corrigir uma criança. A rigidez com que as punições são aplicadas podem deixar traumas perenes nos menores, por isso, há quem defenda que o castigo não seja a melhor maneira de fazer com que a criança entenda que fez algo errado.
Alguns especialistas preferem falar de sanção ou responsabilização. Segundo a psicóloga Liliane Mitre, existem dois tipos de sanções: a observatória, quando algo é retirado da criança para que ela cumpra seus deveres, e a da reciprocidade, quando os pais adotam medidas que têm a ver com o que o filho fez de errado.

Entretanto, os pais tendem a não conseguir discernir a diferença entre a punição como aprendizado e o castigo como método paliativo. “O castigo, às vezes, é adotado para acalmar um sentimento ou uma emoção momentânea, mas ele não contribui para o crescimento moral da criança. A melhor conduta a ser adotada é a sanção da reciprocidade”, esclarece Liliane Mitre.
Além disso, quando a criança é constantemente castigada, ela acaba encontrando saídas para continuar fazendo coisas erradas. “A primeira saída é o cálculo de risco. A criança passa avaliar quais as consequências de fazer algo errado. Se ela achar que vale a pena, vai fazer. A segunda é a banalização daquele castigo”, explica a psicóloga.
É importante para os pais deixarem sempre claro o que o filho fez de errado. Para a psicóloga e psicopedagoga Zilda Maria Generoso, o diálogo é fundamental na educação dos pequenos. “Os pais têm que ter muita certeza de que a criança está entendendo a medida que está sendo tomada. O que realmente educa é a conversa, mas não unilateral. A gente não pode subestimar as crianças e deve escutar o que elas têm a dizer”, explica.
Os pais devem, portanto, evitar adotar métodos de punição muito rigídos. Zilda explica que, quando os adultos impõem regras de longa duração ou muito severas, os filhos começam a questionar o amor deles. “Quando não explicam o porquê do castigo ou são muito duros, a criança acha que não é amada, e isso pode ser um trauma para elas”, defende.
CulturalO caso do garoto japonês abandonado pelos pais como castigo chocou pais e mães. A produtora de eventos Cláudia Perdigão diz que jamais faria algo parecido com a filha Maria Eduarda, 8. “Se a criança japonesa estava colocando em risco as pessoas nos carros ao jogar pedras neles, os pais fizeram pior colocando em risco a vida da criança. Para educar, procuro sempre conversar com a minha filha e orientá-la do que é certo ou errado”, revela a produtora.
Ainda que o caso seja chocante, cada medida adotada está relacionada a um contexto cultural. A psicóloga Liliane Mitre explica que, em países com leis mais rigídas, a tolerância à disciplina é menor, daí a rigidez da medida. “Mas, nesse caso, acredito que teria sido melhor se os pais interrompessem o passeio, e não largassem o garoto”.
Para Zilda, o método utilizado pelos japoneses foi errado por causa da aparente falta de diálogo com o filho. “Há situações em que, dependendo do risco que a criança está causando, ela precisa de uma penalidade. Mas o grande problema parece ter sido a falta do diálogo”, afirma.

GAROTINHO PERDOA OS PAIS E AFIRMA QUE TAMBÉM ERROU

Tóquio, Japão. O menino japonês de 7 anos abandonado em um bosque de Hokkaido porque os pais consideravam que demonstrava mau comportamento aceitou as desculpas do pai, afirmou o progenitor em uma entrevista.
“Eu disse ‘o papai fez você passar por momentos muito difíceis, me desculpa’”, contou Takayuki Tanooka, 44, ao canal TBS. “E então, meu filho respondeu: ‘Você é um bom pai. Eu perdoo você’”.

O menino também refletiu sobre seu comportamento. “Equivoquei-me porque não escutei o que meu pai disse para mim”, detalhou o jornal japonês “Sankei Shimbun”.

Yamato Tanooka foi encontrado na sexta-feira em um campo de treinamento militar onde buscou abrigo, a 5,5 km do local onde seus pais o haviam abandonado, no dia 28 de maio. Ele foi hospitalizado desde então, embora só apresentasse sinais leves de desidratação e hipotermia, assim como arranhões em braços e mãos. A expectativa dos médicos é de que ele tenha alta hoje.

Durante os seis dias em que passou completamente sozinho na região de floresta povoada por ursos e onde a temperatura chega a 5ºC, Yamato não comeu, mas conseguiu beber água porque o refúgio contava com uma torneira. Ele perdeu 2 kg.

De acordo com a imprensa e a polícia, o menino, a irmã mais velha e os pais estavam em um passeio, mas o casal perdeu a paciência com o comportamento do filho, que atirava pedras contra carros e pedestres. Eles obrigaram o menino a descer do carro e o deixaram à margem da estrada, em pleno bosque, antes de prosseguir por mais 500 metros.

Os pais afirmaram que voltaram imediatamente ao local, mas o menino já não estava no ponto em que havia sido deixado. Quase 200 soldados, bombeiros, policiais e voluntários foram mobilizados para a operação de busca de Yamato.
O Tempo

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