domingo, 27 de novembro de 2016

País precisa rever história, alerta Roberto Gambini

TIRADENTES. “A alma brasileira está doente, com sofrimento, fragmentada, mutilada porque falta um pedaço dela. É uma alma que está sofrendo e ninguém está ouvindo porque ela está chorando em todos nós e não sabemos qual é o nome dessa dor”. A frase é do psicoterapeuta Roberto Gambini, que falou sobre a cultura e as raízes brasileiras durante o Fórum do Amanhã, que termina neste domingo (27), em Tiradentes, a 190 km de Belo Horizonte. De acordo com Gambini, o Brasil é um paciente e precisa de tratamento para saber que direção tomar. Assim, o especialista disse que o país precisa ser tratado de um trauma.
Gambini classificou a história do Brasil como trágica. “Nascemos da união de opostos”, disse o médico referindo-se à junção dos portugueses colonizadores aos índios e, depois, com a vinda dos negros. Com a cristianização dos índios pelos portugueses, e, ao mesmo tempo, com o desejo dos colonizadores pelas índias, Gambini disse que nasceu um povo misto. O drama acontece, segundo ele, porque o filho dessa união não se identificou nem com o pai e nem com a mãe. “Como o menino vai se identificar com a mãe derrotada, que era como ela era vista. A interioridade da mãe (índia) foi negada (pelos portugueses) como se ela fosse vazia”, disse. É nesse ponto que o especialista acredita ter começado um “povo zé ninguém”, que não sabia o seu eixo. “Depois, as negras também foram incluídas como objeto de prazer”, acrescenta.
Nessa espécie de negação dessas culturas – indígena e africana – pelo colonizador que os enxerga como animais, é que Gambini disse que o Brasil quer sonhar. Mas antes de saber para onde vai, o país tem que saber que sua consciência está muito pequena. Assim, ele acredita que “se adotarmos uma atitude de olhar para nossa história, ela é a plataforma de lançamento de utopia”. “Não temos que procurar ideias extravagantes. Está tudo aqui (no Brasil). Temos ética, valores de vida, tudo está aqui em nós”, afirmou.

Para Gambini, é preciso que seja feito um reconhecimento da destrutividade. O segundo ponto é a reparação, referindo-se à dívida que a sociedade branca tem com os escravos e índios. “A dívida não está calculada”, criticou.
O Tempo

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